Seis empresas, dentre as quais a Shell, Total e a YPFB, estatal boliviana, vão competir com a Petrobras, nos próximos meses, pelo mercado de gás natural do Centro-Sul. As distribuidoras de gás canalizado MSGás (MS), Gas Brasiliano (SP), Compagas (PR), SCGás (SC) e Sulgás (RS) entraram em negociações finais com os potenciais fornecedores, para contratação de gás a partir de 2020, por meio do gasoduto Bolívia-Brasil (Gasbol).
Em meio às perspectivas de redução da participação da Petrobras no mercado e diante da proximidade do fim do contrato para importação da Bolívia, as cinco distribuidoras iniciaram em 2018 uma chamada pública coordenada para aquisição de gás, na busca por novas fontes de suprimento. A ideia da parceria era dar escala ao processo de contratação e, assim, atrair a atenção dos grandes fornecedores. Juntas, MSGás, Gas Brasiliano, SCGás, Sulgás e Compagas preveem contratar cerca de 10 milhões de metros cúbicos diários (m3 /dia) – volume equivalente a um quarto de tudo o que as distribuidoras do Brasil vendem no mercado não termelétrico.
Após concluírem as análises comparativas das propostas recebidas, as concessionárias estaduais avançaram para a terceira etapa, na qual as distribuidoras, de forma individual, negociarão diretamente com os supridores selecionados. Isso porque, embora a chamada seja coordenada, os contratos são individuais e baseados nas necessidades de cada mercado.
Petrobras, Shell, Total e YPFB avançaram para a terceira fase de negociações com a MSGás, Gas Brasiliano, Sulgás, Compagas e SCGás. Além delas, a Repsol e a Golar Power, empresa de gás natural liquefeito (GNL), entrarão em negociações diretas com a Sulgás. A Cocal Energia, por sua vez, avançou nas tratativas para fornecimento de biogás à Gas Brasiliano.
As negociações entre as distribuidoras e os fornecedores ocorrem em paralelo à chamada pública para contratação da capacidade de transporte do Gasbol, prevista para ser concluída neste ano. O diretor da Agência Nacional do Petróleo (ANP), José Cesário Cecchi, acredita que a concorrência promovida pela Transportadora Brasileira Gasoduto Bolívia-Brasil (TBG) deve contar com a participação não só da Petrobras, como também de outros produtores. “Claro que entram [novos agentes]”, disse Cecchi, ontem, a jornalistas.
Sobre as perspectivas de importação de gás boliviano, ele disse que multinacionais que produzem no país vizinho e também atuam no Brasil, como a Repsol, Total e Shell, tendem a buscar clientes no mercado brasileiro. “Todas essas empresas têm que monetizar o gás e o Brasil continua sendo um mercado atrativo, mas vão ter que competir com o GNL e com o gás do pré-sal”, afirmou.
Fonte: Valor Econômico