Ao menos quatro petroleiras compram ativos da estatal e começam a produzir no Brasil em 2020
Ao menos quatro petroleiras aproveitaram as oportunidades de negócios geradas pelo programa de venda de ativos da Petrobras e se preparam para produzir seus primeiros barris de petróleo no Brasil a partir de 2020. Petronas, Karoon, Trident Energy e 3R Petroleum fecharam negócios com a estatal que somam US$ 2,65 bilhões e vão estrear como produtoras de no país.
Juntas, as empresas assumirão uma produção média de 107 mil barris diários de óleo equivalente (BOE/dia), segundo dados da Agência Nacional do Petróleo (ANP).
O volume equivale a cerca de 3% de toda a produção nacional de petróleo e gás natural.
Petronas, Karoon, Trident e 3R não são as primeiras petroleiras a se posicionarem como produtoras de óleo e gás no Brasil, por meio do programa de desinvestimentos da Petrobras. A Perenco assumiu, desde outubro, a operação do polo de Pargo, conjunto de campos maduros localizados em águas rasas da costa do Rio de Janeiro. A empresa franco-britânica pagou à estatal brasileira, ao todo, US$ 398 milhões pelas áreas.
Dentre as novas entrantes, o grande destaque fica por conta da Petronas, da Malásia. A empresa é uma das maiores petroleiras do mundo, com uma produção média de 2,3 milhões de BOE/dia – um pouco abaixo dos volumes produzidos pela Petrobras (2,7 milhões de BOE/dia).
A companhia malaia concluiu na última sexta-feira (27/12) a aquisição e desembolsou US$ 950 milhões para assumir uma fatia de 50% do campo de Tartaruga Verde e o Módulo III de Espadarte, ambos na Bacia de Campos. O negócio lhe garantirá, de entrada, uma produção de 56 mil BOE/dia, volume suficiente para alçar a empresa ao posto de uma das cinco maiores produtoras estrangeiras de óleo e gás do Brasil, com base nos dados operacionais mais recentes da ANP, de novembro. A operação do ativo segue com a Petrobras.
A aquisição de Tartaruga Verde é mais um passo de um movimento recente de aposta da Petronas no mercado brasileiro. A estatal da Malásia vinha, há anos, mapeando oportunidades de negócios no país e chegou a fechar, em 2013, um acordo com a OGX para comprar 40% do campo de Tubarão Martelo, na Bacia de Campos. Na ocasião, a companhia desistiu da operação depois que a antiga petroleira do empresário Eike Batista entrou em recuperação judicial.
Neste ano, finalmente, a Petronas sacramentou sua estreia no Brasil. Além de Tartaruga Verde, a empresa foi a grande protagonista da 16ª Rodada de concessões da ANP. Ao todo, a empresa pagou R$ 1,945 bilhão por três blocos na Bacia de Campos, negócio que marca a entrada da petroleira na atividade de exploração de óleo e gás, no Brasil.
Para além da atração de novas empresas, os negócios desencadeados pelo programa de desinvestimentos da Petrobras marcaram também o surgimento de novos formatos de financiamento no mercado brasileiro. A Trident Energy, petroleira independente que conta com recursos do fundo de investimento Warburg Pincus, comprou, por US$ 851 milhões, os polos de Pampo e Enchova, na Bacia de Campos, utilizando o modelo chamado Reserve Based Lending (RBL) – que consiste na utilização de reservas como garantia para empréstimos bancários, modalidade regulamentada neste ano pela ANP.
Com a aquisição, a Trident assumirá uma produção de cerca de 25 mil BOE/dia, oriunda de campos maduros que produzem desde os anos 1980 e que passarão por investimentos em revitalização. A companhia já informou ao mercado que identificou “projetos atrativos para aumentar a produção e estender a vida útil dos campos”.
No mercado, a expectativa é que a saída da Petrobras desses campos maduros – que pouco receberam investimentos da estatal nos últimos anos – desencadeie novos projetos de revitalização dessas áreas. Esse é o espírito da 3R Petroleum, empresa brasileira criada com foco na recuperação de campos terrestres e que conta com o suporte financeiro de fundos geridos pela Starboard. A 3R comprou o Polo Macau, que engloba sete campos “onshore” no Rio Grande do Norte, por US$ 191,1 milhões.
Já a Karoon, petroleira australiana que já fez algumas descobertas na Bacia de Santos, mas que ainda não produz no país, também resolveu aproveitar as oportunidades de negócios do plano de desinvestimentos da Petrobras para antecipar a sua produção no Brasil. A companhia fechou contrato com a estatal brasileira para comprar Baúna, no pós-sal de Santos, localizado próximo das áreas de Neon e Goiá, descobertas pela australiana no litoral paulista.
Com isso, a empresa pretende antecipar sua geração de caixa no mercado brasileiro, enquanto ainda tenta viabilizar o desenvolvimento, do zero, do projeto de produção das duas descobertas.
A Karoon assumirá, com Baúna, uma produção de cerca de 20 mil BOE/dia, mas tem planos de elevar o volume para 33 mil BOE/dia em 2022, a partir de intervenção de poços e desenvolvimento de um novo reservatório.
Com a estreia da Karoon, Petronas, Trident Energy e 3R Petroleum, o número de produtores de petróleo e gás no Brasil pode alcançar o patamar de 55 empresas, segundo a lista da ANP de produtoras ativas ao longo de 2019.
O programa de venda de ativos da Petrobras atraiu não só novos entrantes, também serviu para reforçar a presença de petroleiras que já atuavam no país.
Empresas como a Equinor, PetroRio, Petrorecôncavo, Imetame e Central Resources ampliaram a sua presença no mercado brasileiro, com a aquisição de ativos da estatal brasileira.
Por sua vez, a francesa Total, que já atuava no Brasil, como sócia minoritária da Petrobras, garantiu, com a compra do campo de Lapa, na Bacia de Santos, a sua estreia como operadora (líder de consórcio) no pré-sal.
Fonte: Valor Econômico
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