O acirramento na crise entre Irã e Estados Unidos pode favorecer um mix mais alcooleiro no Brasil, com mais cana-de-açúcar destinada à produção do biocombustível, diz o analista da Paragon Global Markets Michael McDougall. “Com a alta do petróleo, a Petrobras vai elevar os preços da gasolina e assim o etanol se torna mais competitivo, podendo ter alta no consumo”, explicou McDougall ao Broadcast Agro. O eventual aumento do consumo do etanol, por sua vez, pode estimular as usinas brasileiras a processarem maior volume de etanol em detrimento do beneficiamento de açúcar.
Outro fator que pode ser favorável para a produção brasileira de etanol é a melhora na relação de paridade do biocombustível ante o adoçante. “A paridade do etanol vai aumentar ainda mais com a elevação dos preços do açúcar”, acrescenta McDougall. Segundo o analista, ontem a paridade do etanol fechou em alta de 5,62 pontos porcentuais ante o açúcar.
O analista pondera, contudo, que a alta dos preços internacionais do açúcar está sendo limitada pela dúvida se o Irã continuará comprando volume expressivo do produto indiano. “A dúvida é até que ponto esse ambiente adverso pode complicar a comercialização”, diz McDougall. Nesta manhã, os contratos futuros de açúcar demerara operam em alta de cerca de 1% na Bolsa de Nova York (ICE Futures US), sendo negociados a 13,27 centavos de dólar por libra-peso às 12h de Brasília.
A tensão entre Irã e Estados Unidos foi acirrada com o ataque norte-americano que matou o general iraniano Qassim Suleimani na noite de ontem. Os futuros de petróleo brent e wti operam em alta de cerca de 4%.
Fonte: Broadcast / Ag.Estado