Os preços do petróleo encerraram a sessão em alta na segunda-feira (04), recebendo suporte de anúncios de cortes voluntários na produção de empresas de petróleo dos Estados Unidos, que lutam contra um cenário de demanda fraca.
Os contratos futuros do Brent para julho terminaram a sessão em alta de 2,87%, aos US$ 27,20 o barril na ICE, em Londres, enquanto os contratos do West Texas Intermediate (WTI) para junho subiram 3,08%, aos US$ 20,39 o barril, na Bolsa de Mercadorias de Nova York (Nymex).
Os investidores também monitoram as crescentes tensões entre os Estados Unidos e a China sobre a origem e as responsabilidades do país asiático na atual crise sanitária global, o que tende a afastar investidores de ativos de risco.
“Após a queda histórica do mês passado, os preços do petróleo estão passando por uma pequena recuperação”, disse Fawad Razaqzada, analista de mercado da ThinkMarkets. Segundo ele, os investidores estão “respondendo aos cortes da Organização dos Países Produtores de Petróleo e seus aliados (Opep+) que já entraram em vigor, ao mesmo tempo em que alguns países estão flexibilizando lentamente suas medidas de restrições à atividade empresarial e comercial”, afirmou Razaqzada ao MarketWatch.
Um acordo entre a Opep e seus aliados para reduzir a produção em 9,7 milhões de barris por dia em maio e junho começou oficialmente em 1º de maio.
“No entanto, provavelmente levará meses até que a oferta global seja reduzida, uma vez que a demanda ainda é muito fraca”, disse Razaqzada. “É improvável que os preços do petróleo se recuperem significativamente por um tempo ainda”.
A pandemia da covid-19 teve um efeito devastador na demanda por petróleo, à medida que as economias foram paralisadas para tentar controlar a propagação da doença. Nos últimos dias, os sinais de aumento das tensões sino-americanas provavelmente produzirão ventos contrários
para o ativo, afirmam analistas do setor.
“A retomada da guerra comercial será prejudicial para os preços do petróleo a longo prazo”, escreveu Stephen Innes, estrategista-chefe de mercado global da AxiCorp, em uma nota de pesquisa diária.
No domingo, o secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, em entrevista à “This Week” da ABC, disse ter visto “enormes evidências” de que o vírus se originou em um laboratório em Wuhan, na China. Em uma entrevista à Fox Business, presidente dos EUA, Donald Trump, disse que acredita que a China “cometeu um erro horrível e eles não quiseram admitir”.
Innes afirma, no entanto, que as tentativas de reequilibrar o mercado e conter a superprodução por produtores globais devem ser capazes de superar os conflitos geopolíticos nascentes entre os EUA e a China.
“Com a devastação da demanda, qualquer sinal de reequilíbrio, seja pela reabertura econômica ou por cortes adicionais forçados ou acordados na oferta, deve finalmente ser visto como favorável aos preços nos níveis atuais”, escreveu ele.
Enquanto isso, a produção de petróleo nos EUA tem diminuído em resposta à queda na demanda.
“Os cortes de produção já estão se desenrolando, com produção de aproximadamente 1 [milhão de barris por dia] abaixo dos níveis anteriores à covid-19, de acordo com os dados mais recentes”, disse Robbie Fraser, analista de commodities da Schneider Electric.
As plataformas petrolíferas ativas dos EUA continuam apresentando declínios semanais acentuados, “com os principais produtores anunciando planos de reduzir a contagem de plataformas em até 75%, sugerindo uma continuação dos declínios acentuados da produção no futuro”, disse Fraser, em nota diária.
O número de plataformas americanas ativas que perfuram petróleo caiu pela sétima semana consecutiva, de acordo com dados da Baker Hughes divulgados sexta-feira.
Fonte: Valor Online