De olho na abertura em curso do mercado de gás natural, a BR Distribuidora pretende se reposicionar no mercado. Presente apenas na etapa de distribuição do gás, atualmente, por meio de uma concessão no Espírito Santo, a companhia também tem planos de entrar no varejo de gás natural liquefeito (GNL) e, no futuro, atuar também como comercializadora de gás no mercado live. A BR, inclusive, já obteve a autorização da ANP, em junho, para atuar na comercialização do gás.
“Estamos avançando em discussões internas nossas, com o nosso próprio conselho [de administração] sobre como nos posicionamos no mercado [de gás] A partir do momento em que a legislação do gás se solidificar, vamos achar um espaço para a BR encontrar o seu mandato como comercializadora de gás”, afirmou o presidente da BR, Rafael Grisolia.
O executivo afirmou, no entanto, que o projeto mais maduro, por ora, no mercado de gás, é a entrada da companhia na distribuição de GNL de pequena escala. A empresa negocia com a Golar Power uma parceria no segmento.
Na área de distribuição de gás canalizado, a BR assinou em julho, com o governo do Espírito Santo, o novo contrato de concessão da ES Gás, pondo fim a um litígio histórico entre as duas partes.
A antiga concessão (da então BR-ES, controlada 100% pela BR) era alvo de contestação por parte do governo capixaba. A BR Distribuidora firmou contrato de concessão de distribuição de gás com o governo do Estado, sem licitação, em 1993, com vigência até dezembro de 2043. Em 2015, contudo, a Assembleia Legislativa do Espírito Santo aprovou uma lei, proposta pelo Executivo, que previa a anulação do contrato, mediante o pagamento de indenização. A legislação fixava prazo de dois anos para que a concessão fosse licitada ou que o governo assumisse o serviço mediante a constituição de uma empresa estatal. Em 2016, em meio à disputa, a BR e o governo estadual assinaram um memorando de entendimentos em que as partes se comprometiam a unir esforços para criação de uma sociedade de economia mista para exploração dos serviços de gás.
Depois de anos de negociações, a ES Gás foi, enfim, constituída, tendo o Estado o controle (51% do capital votante) e a BR a maior parte do capital total (60%). A intenção original da distribuidora era vender o ativo, após a formalização da empresa. Grisolia sinalizou ontem, porém, que ainda não há um futuro definido para a ES Gás.
“O próprio Estado tem a intenção de vender o controle da empresa. Vamos tomar a decisão em função disso, junto com o Estado, de continuarmos com uma fatia ou de zerarmos nossa participação (na ES-Gás). Vai depender de como for feito o processo”, disse.
O executivo comentou também sobre a posição de caixa da empresa, que encerrou junho com um saldo de R$ 5,3 bilhões. Dentro da estratégia de alocação de capital, Grisolia descartou, por ora, eventual programa de recompra de ações, a fim de valorizar os papéis da distribuidora. E disse que ainda não é possível antecipar (ou aumentar) o pagamento de dividendos – a BR vai pagar R$ 1,1 bilhão aos acionistas até o fim do ano.
Ele destacou que o fato de BR ser uma empresa geradora de caixa, sem necessidade de grandes investimentos e com baixa alavancagem, faz da companhia uma “boa pagadora de dividendos”. Grisolia pondera, no entanto, que os riscos envolvidos com a pandemia da covid-19 precisam ser considerados.
“Estamos trabalhando com um cenário de retomada da economia, mas podemos ter um outro susto, vindo de um impacto do preço do petróleo ou da demanda, que talvez possa colocar em risco nossa alavancagem”, disse.
Fonte: Valor Online
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