Uma das soluções defendidas por analistas do setor de energia para garantir o suprimento de energia elétrica à região Norte e evitar as chances de apagões é a ampliação do uso de termelétricas a gás na base do SIN.
Menos poluente do que as térmicas a diesel, as térmicas a gás garantem o fornecimento de energia não intermitente ao sistema, ao contrário de outras fontes com menos emissões de carbono, como eólica e solar, que dependem de condições naturais como a incidência do sol e a força dos ventos para a geração.
Além disso, as amplas reservas de gás no Norte do país favorecem a instalação de novos empreendimentos desse tipo na região. Dados da ANP indicam que a Bacia do Solimões tinha ao fim de 2019 o maior volume de reservas terrestres de gás natural do país, com 40,89 bilhões de metros cúbicos (m3) de gás em volumes provados, prováveis e possíveis (3P). Ali perto, a Bacia do Amazonas conta com mais 4,4 (m3) de gás em reservas 3P. O Norte, inclusive, abriga um dos maiores projetos de produção terrestre da Petrobras desde a década de 1980, o Polo Urucu, a cerca de 650 quilômetros de Manaus (AM).
Eventuais incentivos às térmicas, no entanto, têm provocado polêmica no setor em meio às discussões sobre a Nova Lei do Gás no Senado. Alguns senadores têm condicionado a aprovação do texto ao comprometimento do governo com a edição de decretos para o incentivo às usinas a gás na base do sistema. Os defensores das medidas argumentam que as usinas ajudariam a expandir a infraestrutura de gás e interiorizar a malha de gasodutos pelo país. Empresários do setor elétrico, por outro lado, criticam possíveis incentivos às térmicas, por receio de um eventual aumento das tarifas de energia elétrica e criação de subsídios cruzados, o que levaria a embates entre os agentes do mercado.
O consultor do CBIE, Adriano Pires, aponta que a maior integração entre os setores de energia elétrica e gás natural poderia beneficiar não somente a região Norte, como também melhorar a segurança energética do país. “Necessitamos de mais térmicas flexíveis que entrem em operação rapidamente, além de unidades inflexíveis, que gerem energia o tempo todo e tragam maior segurança energética. Quanto mais diversificada a matriz, menor é a probabilidade de faltar energia. O Brasil deveria tirar essa lição da situação do Amapá”, afirma o consultor, em referência ao apagão que deixou todo o Estado sem luz.
Fonte: Valor Econômico
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