Ao reduzir em 1,9% o preço do litro da gasolina nas refinarias, a Petrobras se movimentou na contramão do comportamento do mercado internacional, frente à alta recente do petróleo, e voltou a colocar a política de preços da companhia no centro das atenções de investidores. O episódio, segundo analistas, reforça a falta de clareza sobre os critérios dos reajustes da petroleira, neste início de gestão do presidente, Joaquim Silva e Luna. Sob o comando do general da reserva, que completa esta semana dois meses no cargo, a Petrobras mexeu duas vezes nos preços dos combustíveis: no dia 1º de maio, reduziu em 2% os preços do diesel e gasolina; e, no sábado (12), reduziu em mais 1,9% a gasolina e aumentou o gás liquefeito de petróleo (GLP) em 6%.
Mais do que a frequência mais espaçada, o que chama a atenção, segundo o analista da Ativa Investimentos, Ilan Arbetman, é a falta de clareza das regras. A administração Silva e Luna tem se posicionado contra o repasse imediato das oscilações do mercado para o consumidor. A empresa alega que avalia se as variações internacionais são de âmbito estrutural ou conjuntural, antes de decidir por reajustes. “Mas não vejo nenhum movimento estrutural que justifique [a queda da gasolina]… Vamos ficar de olho, falta uma sinalização mais clara [sobre a política de preços] e isso traz muita indefinição para o papel. Liga um sinal amarelo, de alerta, para os próximos dias, para as próximas decisões”, comenta Arbetman. Ele não vê motivos para a redução recente de 1,9% no preço da gasolina, mesmo diante do câmbio mais favorável. Desde 30 de abril, quando a Petrobras anunciou o primeiro ajuste nos preços dos combustíveis sob o comando de Silva e Luna, o dólar caiu 5,27%, mas o barril do tipo Brent acumula uma valorização de 8%, mantendo-se nos últimos dias acima de US$ 70.
Já a Abicom, que representa os principais concorrentes da estatal no mercado doméstico, estima que a Petrobras elevou a sua defasagem para a paridade internacional de R$ 0,04 para R$ 0,09 o litro, no caso da gasolina. Em nota à imprensa, a Petrobras informou que o posicionamento da companhia busca a evitar o repasse imediato da volatilidade externa causada por eventos conjunturais. “Nossos preços seguem buscando o equilíbrio com o mercado internacional e acompanham as variações do valor dos produtos e da taxa de câmbio, para cima e para baixo”, esclareceu a empresa. A companhia acrescentou, ainda, que os reajustes são realizados a qualquer tempo, sem periodicidade definida, de acordo com as condições de mercado e da análise do ambiente externo.
Fonte: Valor Online
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