A Petrobras pegou o mercado de surpresa, ao comunicar às distribuidoras de gás natural do Nordeste que deixará de fornecer o combustível às concessionárias locais a partir de 2022. O anúncio ocorre num momento em que empresas da região promovem chamadas públicas para contratar gás para os próximos anos.
A região responde por 23% do consumo nacional de gás (fora as termelétricas). Por outro lado, a petroleira mira o mercado livre e tem contrato para fornecer gás às fábricas de fertilizantes da Proquigel na Bahia e Sergipe. Inicialmente, a Petrobras havia sinalizado que participaria das concorrências, mas voltou atrás durante o andamento dos processos competitivos. Segundo um executivo do setor, as concessionárias estão preocupadas com a segurança do abastecimento, dado o curto intervalo de tempo, de cinco meses, para que as empresas busquem alternativas de suprimento.
Embora as concessionárias já estivessem em busca de novos fornecedores, havia a expectativa entre as distribuidoras de que parte do mercado nordestino continuaria sendo abastecido pela Petrobras.
Procurada, a estatal esclareceu que os contratos já firmados, para fornecimento a partir de 2022, estão assegurados e que o arrendamento do terminal de gás natural liquefeito (GNL) da Bahia, em curso, e as vendas de campos maduros de gás na região “trarão novos operadores ao mercado, que poderão suprir o atendimento das demandas locais”. A Petrobras também informou que “está à disposição para a construção de soluções temporárias, se necessário” e que está comprometida com o desenvolvimento de um mercado “aberto, competitivo e sustentável”.
Enquanto a estatal interrompe o fornecimento de gás às distribuidoras do Nordeste, novos agentes despontam no mercado local. A Petrorecôncavo venceu a chamada pública aberta pela Potigás (RN), para fornecer gás ao mercado local a partir de 2022. O volume contratado será de 236 mil metros cúbicos diários — o suficiente para atender toda a demanda do Estado. O acordo, de dois anos, está condicionado à celebração de contratos entre a Petrorecôncavo e a Petrobras, para acesso à infraestrutura de escoamento e processamento da estatal; e ao fechamento de um contrato com a Transportadora Associada de Gás (TAG), para acesso à malha de gasodutos.
No fim de 2020, a Shell já havia vencido a concorrência aberta pela Copergás (PE), para fornecimento de gás ao mercado pernambucano também a partir de 2022. A intenção da multinacional é importar GNL por meio de um novo terminal, em construção em Suape.
Outro agente que tenta entrar no Nordeste é a Excelerate Energy, única empresa a apresentar uma proposta pelo terminal da Petrobras na Bahia. A americana ofereceu R$ 92,142 milhões, pelo arrendamento da planta até o fim de 2023 — mesmo valor apresentado originalmente, na licitação ocorrida em junho. Na ocasião, a estatal desclassificou a oferta da Excelerate, por conter uma condicionante não prevista na minuta, mas, posteriormente, decidiu abrir uma nova chance para que a americana apresentasse uma nova oferta. O processo está em curso.
A Compass (da Cosan) também está no páreo, na disputa pelo mercado nordestino.
Fonte: Valor Online
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