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Compass reforça liderança em gás natural

Ao comprar o controle da Sulgás, por R$ 927,799 milhões, a Compass se posiciona como protagonista do mercado de distribuição de gás natural no país. A falta de concorrência no processo de privatização da concessionária gaúcha revela, no entanto, um baixo interesse da iniciativa privada pelos primeiros passos da abertura do setor, que ainda convive com incertezas.

O presidente da Gas Energy, Rivaldo Moreira Neto, afirma que o leilão da Sulgás foi o primeiro teste real para se entender o interesse da iniciativa privada pelo segmento de distribuição. Segundo ele, a venda do controle da Petrobras na Gaspetro, para a Compass, afugentou investidores pelo alto grau de complexidade envolvido e não podia ser usada como parâmetro para a análise de atratividade da distribuição no país. Moreira Neto lembra que a Gaspetro é uma holding que reúne participações, em sua maioria minoritárias, em 18 distribuidoras estaduais e um emaranhado de acordos de acionistas – que tratam de direitos de preferências dos sócios em cada uma das concessões envolvidas.

Por incluir participações em 18 concessionárias, a compra da Gaspetro pela Compass já era, por si só, um assunto que demandaria uma análise cuidadosa do Cade. Como a empresa do grupo Cosan nasceu com uma proposta de atuar em diferentes elos da cadeia de gás, o mercado vê riscos de que haja uma transferência da concentração do setor das mãos da Petrobras para as da Compass e aguarda um posicionamento do órgão. O mercado não sabe hoje, ao certo, qual será a configuração final do negócio e se a companhia de gás da Cosan terá que se desfazer de algumas distribuidoras nesse processo.

Na avaliação do consultor, o resultado do leilão da Sulgás revela que as incertezas sobre a posição do Cade podem ter contaminado a privatização da empresa gaúcha.

“Como a Compass expandiu ainda mais sua presença no mercado, o trabalho da Cade [sobre a análise da venda da Gaspetro] fica ainda mais desafiador. Há uma expectativa do mercado em torno dele e o processo de privatização do setor vai ficando cada vez mais dependente do Cade”, complementou.

Na avaliação do Moreira Neto, as tensões em torno do cenário fiscal do Brasil, na última semana, também podem ter contribuído para afugentar investidores. “[O resultado da alienação da Sulgás] Revela também uma preocupação dos investidores não só com a própria abertura do mercado de gás, mas eventualmente com o cenário macroeconômico brasileiro, existem muitas incertezas”, disse.

O resultado da licitação da Sulgás, segundo ele, levanta dúvidas também sobre qual será o interesse dos fundos de investimento nas privatizações do setor. Existem planos, hoje, de desestatização de concessionárias de gás como a Compagas (PR), Gasmig (MG) e ESGás (ES).

O presidente da Compass, Nelson Gomes, disse que a companhia avaliará todos os ativos de distribuição de gás natural que venham a ser ofertados ao mercado “nos próximos meses e anos”. Ele destacou que a estratégia da Compass é replicar, em outros Estados, o modelo da Comgás (SP), que passou por uma forte expansão da rede durante a gestão da empresa na última década.

Questionado sobre as expectativas de que o Cade se pronuncie sobre a aquisição da Gaspetro, o executivo disse que o processo já foi submetido ao órgão antitruste, mas que ainda não há previsão sobre a posição final do conselho.

 

Fonte: Valor Econômico

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