O primeiro leilão das termelétricas compulsórias previstas na lei de privatização da Eletrobras traz uma nova oportunidade para tirar o gasoduto Meio-Norte do papel. De quebra, pode viabilizar também o início das operações da Gaspisa, a distribuidora de gás canalizado do Piauí.
Tudo dependerá do sucesso ou não da UTE Nossa Senhora da Vitória (165 MW), que reúne, num só projeto, a Shell (fornecedora do gás) e a Termogás, do empresário Carlos Suarez, no lado da infraestrutura.
O gasoduto Meio-Norte, de 948 km de extensão, liga Pecém (CE) a São Luís (MA), cortando Teresina (PI). É um projeto antigo da Termogás que permitirá conectar Maranhão e Piauí à malha nacional. O empreendimento recebeu autorização da ANP em 2006, mas nunca conseguiu se viabilizar financeiramente.
Agora, ganha uma nova chance por meio da UTE Nossa Senhora da Vitória, um projeto da Ponte Nova Energia – mesma empresa que desenhou Portocém (1,6 GW), em Pecém, negociado pela Ceiba Energy no leilão de dezembro de 2021.
O terminal de gás natural liquefeito (GNL) de Portocém, aliás, é a fonte de suprimento da usina de Teresina. A Shell, fornecedora de gás da térmica cearense, tem um termo de compromisso assinado para abastecimento também da UTE Nossa Senhora da Vitória.
Se a usina for bem-sucedida no leilão de setembro, a multinacional entregará, por 15 anos, cerca de 715 mil m3/dia à termelétrica do Piauí – que funcionaria como cliente âncora para o gasoduto Meio-Norte, cujo projeto original tem capacidade para 5 milhões de m3/dia, ou seja, sete vezes mais que a demanda da UTE Nossa Senhora da Vitória.
A UTE também pode marcar a estreia das operações da Gaspisa, distribuidora controlada pelo Estado do Piauí e que como sócia a Termogás.
Gás da Shell por cabotagem
Em outra frente, sem considerar a construção do Meio-Norte, a Ponte Nova tenta viabilizar um segundo projeto no leilão de setembro: a UTE São Judas Tadeu (300 MW), em Bacabeira (MA). A usina foi concebida para ser abastecida por GNL da Shell, oriundo do terminal de Pecém (CE). A ideia é que o gás seja transportado por 800 km, do Ceará até o Porto de Mearim (MA), por meio de barcaças operadas pela CDGN.
A Shell tem um termo de compromisso assinado para fornecimento de 1,325 milhão de m3/dia. Do porto maranhense, o gás será enviado até a usina por um gasoduto de 10 km.
Eneva mira expansão de Azulão
Com reservas de gás nacional, no Amazonas, a empresa é uma das favoritas do leilão. A companhia já sinalizou o interesse de negociar os projetos Azulão 2 (295 MW) e Azulão 3 (320 MW) – que permitiriam aumentar a capacidade do complexo termelétrico local para 1 GW.
A empresa fez descobertas recentes nas proximidades da concessão de Azulão, dentre as quais Anebá, a 50 km de distância da planta de liquefação do complexo. O plano é começar reinjetando o gás local, para acelerar a produção de óleo. Mas no futuro a ideia é conectar Anebá e Azulão e produzir, assim, até 3 milhões de m3/dia com os novos recursos.
Além do Amazonas, a Eneva mira oportunidades de novas térmicas no Maranhão. O plano estratégico da companhia para 2030, inclusive, cita os leilões das térmicas da lei de privatização da Eletrobras como uma oportunidade para novos projetos em São Luís.
A Eneva tem planos de investir R$ 1 bilhão no projeto de um terminal de GNL no Maranhão, de 21 milhões de m3/dia; e R$ 2 bilhões num gasoduto de 300 km de extensão para conectar a futura planta de regaseificação de São Luís ao complexo Parnaíba.
Fonte: Epbr
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