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MDC e Marquise fecham venda de Gas-REC para a Heineken

A MDC Energia e a Marquise Ambiental firmaram com a cervejaria Heineken o primeiro contrato de comercialização de certificados de rastreabilidade de gás natural renovável (Gas-Rec) de biometano, lastreado na produção da usina GNR Fortaleza, da qual as empresas são sócias. O acordo firmado envolveu a emissão de 520 mil Gas-Recs emitidos pela usina, válidos por 12 meses, renováveis. O volume de certificados negociados corresponde a pouco mais de 50% do potencial de emissão, pela usina, de 1 milhão de Gas-Recs.

Atualmente, a GNR Fortaleza produz cerca de 100 mil m3 /dia de biometano, a partir da purificação do biogás obtido no aterro sanitário de Fortaleza, gerido pela Marquise. A produção é injetada integralmente na rede de distribuição de gás natural da Cegás. A GNR é a única que destina a produção diretamente a uma distribuidora.

O contrato envolve as cervejarias de Pacatuba (CE) e Jacareí (SP). Com a parceria, a Heineken terá redução equivalente a 25 mil toneladas de CO2. A meta é zerar emissões em seus processos produtivos (conhecido como escopo 1) até 2040, afirmou a empresa em nota. A operação brasileira será a primeira do grupo no mundo a atingir o objetivo global: “O contrato está alinhado ao compromisso do grupo Heineken de ter suas 14 cervejarias 100% abastecidas com fontes de energia renovável até o fim deste ano”, disse, em nota.

Segundo a presidente da MDC Energia, Manuela Kayath, a assinatura do contrato abre espaço para uma fonte adicional de receita para a companhia, que já vem negociando com outros potenciais clientes interessados em compensar emissões de gases de efeito estufa, mas não podem contar com o fornecimento direto do biometano. Clientes conectados à rede da Cegás ou atendidos por carretas de gás natural comprimido (GNC) fóssil conseguem justificar o uso da energia renovável com os certificados, cumprindo metas para reduzir ou zerar emissões de gases de efeito estufa.

“Eu tenho um instrumento que tem a possibilidade de segregar o ‘bio’ do ‘metano’”, disse Kayath. Auditado pelo Instituto Totum, o Gas-Rec tem o mesmo princípio do I[1]REC, certificado de energia elétrica renovável. No Gas-Rec, o rastreamento é feito por um sistema de entradas e saídas (book and claim), sem necessariamente seguir o fluxo físico da molécula, já que em um gasoduto o gás natural fóssil e o renovável se misturam.

Hugo Nery, diretor presidente da Marquise Ambiental, destacou que o biometano produzido pela GNR Fortaleza corresponde a cerca de 20% a 25% do gás natural que a Cegás coloca em seu mercado. Produto com demanda crescente por causa dos atributos ambientais, o biometano é a principal linha de negócio da GNR Fortaleza, cuja ampliação da oferta é estudada pelos controladores.

O gás renovável é resultado da purificação do biogás obtido da decomposição dos resíduos orgânicos no aterro sanitário, dentro dos padrões estabelecidos pela ANP. A comercialização do biometano, para a GNR Fortaleza, abre um leque de produtos além do Gas-REC, que vai trazer novas oportunidades, segundo Kayath.

Um dos caminhos é o da comercialização do biometano diretamente com consumidores conectados à rede, no âmbito do mercado livre de gás, com injeção na rede e pagamento de uma tarifa de uso dos sistemas da distribuidora. A empresa vê espaço para comercializar contratos de fornecimento com grandes clientes no Estado, num cenário de harmonização da regulação federal com a do Ceará, caso a Cegás não tenha interesse em comprar o biometano de eventual plano de expansão da oferta.

Fonte: Valor Econômico