A Petrobras está lançando no mercado novos produtos de fornecimento de gás natural, de olho nas chamadas públicas das distribuidoras – mas também em oportunidades no mercado livre. O diretor de Transição Energética e Sustentabilidade, Maurício Tolmasquim, afirmou que a ideia é oferecer mais flexibilidade e preços mais competitivos aos clientes. A empresa vai passar a oferecer dez tipos de contrato, baseados em dois indicadores diferentes (Brent e Henry Hub) e cinco opções de prazo de suprimento: quatro anos; cinco anos; sete anos; nove anos, e onze anos.
Até então, a companhia trabalhava apenas com contratos de cinco e nove anos de validade. E, apesar de já ter oferecido no passado opções atreladas ao Henry Hub, na prática só possui hoje acordos vinculados ao preço do petróleo. Segundo Tolmasquim, quanto maior o prazo contratual, menor será o preço. Questionado se a Petrobras pretende reduzir o fator Brent (percentual do preço do petróleo ao qual o gás é indexado) nos novos contratos, o diretor disse que a companhia quer ser a “melhor opção para seus clientes”. Em função das negociações em andamento com as distribuidoras, porém, ele preferiu não antecipar os valores oferecidos.
Na virada do ano, a Petrobras tem um importante volume a ser descontratado junto às distribuidoras: são cerca de 17 milhões de m3/dia. Tolmasquim destacou que a empresa buscará oportunidades tanto no mercado cativo quanto livre.
“Estamos participando das chamadas públicas das distribuidoras com objetivo de ganhar os contratos, mas oferecendo aos consumidores livres que assim desejarem uma possibilidade também de negociação. Mas não queremos sair das distribuidoras, queremos continuar suprindo o gás que elas precisarem, queremos ser o fornecedor mais atraente para o mercado”, comentou.
“Um segundo movimento que estamos pensando em fazer é dar mais opções também aos clientes livres”, afirmou à agência epbr.
Segundo ele, a Petrobras quer ser atrativa no mercado livre, mantendo a sua responsabilidade financeira. A ideia é ser mais flexível nas negociações com as indústrias, tomando os dez produtos como base de partida. “Os parâmetros que estamos dando para as distribuidoras serão os parâmetros da negociação [no mercado livre]. Não dá para fugir totalmente desses parâmetros, mas temos mais margem de flexibilidade a oferecer”, disse. O lançamento dos novos produtos ocorre num momento em que diferentes distribuidoras buscam novos supridores e em que a indústria pede preços mais baixos.
No embalo da nova política de preços do diesel e gasolina, que pôs fim ao alinhamento da Petrobras ao preço de paridade de importação (PPI), o Fórum do Gás e União Pela Energia (representantes de um grupo de associações empresariais, predominante industriais) enviaram carta conjunta ao Ministério de Minas e Energia e à Petrobras, esta semana, pedindo a revisão da precificação da estatal. Entendem que os preços da estatal não refletem mais a dinâmica do mercado atual — e pedem, claro, um gás mais barato.
Tolmasquim destacou, ainda, que os produtos oferecidos às distribuidoras terão mecanismos de flexibilização que permitirão à concessionária, eventualmente, reduzir os volumes contratados ao longo da vigência dos contratos, em atendimento à Resolução 03/2022 do CNPE.
A resolução determina que os contratos de suprimento firmados com a Petrobras devem permitir que as distribuidoras possam reduzir no mínimo 1/3 dos volumes contratados, a qualquer tempo e sem penalidades, se tiverem oportunidades de aquisição junto a concorrentes da estatal. “Sempre que a distribuidora tiver [contratado] conosco acima de 2/3 do mercado dela, ela pode, a critério dela, reduzir [o volume contratado]”, disse o gerente executivo de Gás e Energia da Petrobras, Alvaro Tupiassu. Segundo ele, a cláusula é uma resposta às críticas de que a Petrobras trava a abertura do mercado com contratos longos.
Fonte: Epbr