Av. Ataulfo de Paiva, 245 - 6º andar - Salas 601 a 605 – Leblon/RJ – CEP: 22440-032
+55 21 3995-4325

Etanol deve ficar menos competitivo com alta de mistura na gasolina

O possível aumento da mistura de etanol na gasolina, de 27% para 30%, em discussão pelo governo federal, tem efeitos diversos para o setor, mas o principal deles seria a contribuição para a descarbonização. Do ponto de vista de mercado, analistas ouvidos pela Globo Rural acreditam que a mudança na mistura pode reduzir os preços da gasolina nas bombas e, com isso, beneficiar o consumidor. Por outro lado, o etanol hidratado corre o risco de perder níveis de competitividade que já vêm em trajetória decrescente.

Nos cálculos de Plínio Nastari, presidente da consultoria Datagro, a medida deve gerar um crescimento anual de 1,3 bilhão de litros no consumo anual de etanol anidro — variedade que é misturada à gasolina. Sobre a diminuição das importações de gasolina, ele acredita que isso, inclusive, deveria ser um elemento importante para a decisão do governo sobre ampliar a mistura de etanol. Mas, para Nastari, uma queda efetiva nos preços da gasolina, decorrente da mistura só viria na hipótese de a Petrobras voltar a praticar uma política alinhada à paridade de importação, ou seja, seguindo o movimento das cotações internacionais. “Se o preço da gasolina fosse ‘real’, misturar mais anidro contribuiria para uma redução. Mas como os valores estão sendo subsidiados, em um patamar abaixo da paridade, então a mistura não reduziria tanto o valor da gasolina”, afirmou o especialista.

Considerando um cenário para a oferta e demanda até a safra de 2029/30, e a eventual aprovação da medida com início na temporada de 2024/25, a consultoria StoneX projetou uma demanda para a gasolina comum com avanço de 1% ao ano e a produção de anidro com aumento de 1,5% ao ano. De acordo com Filipi Cardoso, especialista de inteligência de mercado da StoneX, haveria uma redução de 4,3% na cobrança dos impostos federais e a participação do anidro cresceria de 13% para 14,5%. “Assim, o preço médio da gasolina comercializada nos postos de revenda — considerado a média de R$ 5,63/litro, passaria para R$ 5,60/litro, registrando uma queda de R$ 0,03/litro”, estimou o analista da StoneX.

Fonte: Valor Econômico / Globo Rural

Related Posts