Falta gás natural no Brasil para atender a demanda crescente. Essa é a conclusão do estudo Perspectivas do Gás no Rio, da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), que será lançado hoje (30). “Há um mercado consumidor interessado em uma maior oferta de gás no país, o que falta para atender esse potencial é a maior disponibilidade em bases competitivas de preço e acessibilidade”, diz o documento.
Segundo o levantamento da Firjan, o Estado do Rio de Janeiro é responsável por 70% da produção de gás de todo país, mas apenas 24% da produção é disponibilizada ao mercado consumidor. Uma das explicações, diz a Federação, é o alto custo de produção, por conta da localização das áreas produtoras e a presença de contaminantes. O volume de gás reinjetado por petroleiras nos poços para otimizar a produção também tem aumentado, segundo o relatório.
O gás natural é visto como um importante elemento para a transição energética, segundo o estudo. Por isso, a procura das empresas pelo produto tem aumentado, seguindo a tendência de busca por uma colocação em um mercado mais “verde”. “O gás é um energético de transição por conta da menor emissão de elementos de efeito estufa”, diz Luiz Césio Caetano, vice-presidente da Firjan. “Precisamos tornar o gás natural mais competitivo.”
De acordo com a Firjan, o fato de o gás natural ser majoritariamente associado à produção de petróleo deveria ser tratado como um diferencial no mercado global. O petróleo brasileiro, especialmente o retirado do pré-sal, é um dos mais competitivos do mundo em sentido de baixo custo de operação e baixas emissões de gases de efeito estufa (GEE). “Nossa produção tem se mostrado bastante resiliente aos cenários adversos nos últimos anos, passando pelos efeitos da pandemia de covid-19 e pela guerra no leste europeu, que tiveram fortes reflexos no cenário energético global, em especial sobre o petróleo e gás natural”.
“Estratégias de otimização do processo produtivo, como adaptação da infraestrutura existente e ociosa na bacia de Santos, devem ser estudadas e avaliadas como alternativas para redução do investimento exclusivo ao gás natural”.
O gasoduto Rota 3, que vai interligar campos do pré-sal da Bacia de Santos ao polo Gaslub por 355 quilômetros, deve entrar em operação no segundo semestre deste ano. A expectativa é de que alivie a pressão na oferta, segundo Caetano. A capacidade do gasoduto é de aproximadamente 18 milhões de metros cúbicos de gás por dia. Outro projeto também esperado pelo setor, mas a prazo mais longo, é o BM-C-33. Esperado para 2028, a área é operada pela Equinor com parcerias com a Repsol Sinopec Brasil e a Petrobras e deve escoar 16 milhões de metros cúbicos de gás por dia.
Ainda assim, a Prio, que contribui com o estudo da Firjan, defende que os dois projetos, Rota 3 e BM-C-33, não serão suficientes. Segundo a petroleira independente, é necessário melhorar a infraestrutura do país para escoar a produção: “Caso isso [construção de infraestrutura] não seja feito, o crescimento da operação será limitado. A Rota 3 (2024) e o BM-C-33 (2028) estão em construção para ampliar essa capacidade, mas provavelmente não suprirá todo o setor”.
Fonte: Valor Econômico
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