A Edge, braço de comercialização da Compass, estreou no mercado livre de gás natural. A companhia realizou, no primeiro trimestre, a primeira migração de uma indústria para o ambiente livre e tem acordos encaminhados com novos clientes no segmento. A concorrência por novos contratos promete se acirrar, em especial com a nova política de preços da Petrobras. A expectativa na Edge, no entanto, é que, uma vez percorridos os primeiros passos da companhia neste primeiro semestre, a agenda comercial da empresa se intensifique ao longo do ano. Em paralelo à captação de seus primeiros consumidores, a Edge trabalha na diversificação de suas fontes de suprimento, para além do GNL importado pelo TRSP – cujo início das atividades é alvo de um imbróglio com a ANP. Ao todo, a Edge já tem cinco contratos de compra de gás. Nos primeiros meses de atividade, a comercializadora já recorreu à importação de gás da Bolívia e à compra de gás do pré-sal. Juntas, essas duas novas fontes atingiram picos de 1,2 milhão de m3/dia dentro do portfólio da comercializadora. “Passamos a ser endereço para outras fontes. Vamos estar ativos, sim, na originação de produtos da Bolívia, discutindo com majors do pré-sal e buscando otimização de outros players”, afirmou o CEO da Compass, Antonio Simões. Um dos novos supridores da comercializadora é a MTGás, distribuidora do Mato Grosso que comercializou com a empresa do grupo Cosan volumes excedentes de gás boliviano. A carga importada tem sido destinada, sobretudo, à Comgás, com a qual a Compass, controladora da distribuidora paulista, tem acordo de fornecimento de longo prazo. O contrato, que ancorou o investimento no TRSP, começou a valer a partir de março.
A Edge informou que já tem sete contratos assinados para venda de gás. A empresa mantém em sigilo o nome dos clientes, bem como não especifica se os acordos são todos no mercado livre. A expectativa é que, com a investida da empresa na indústria de São Paulo, o mercado livre no maior centro de consumo de gás do país comece a destravar. De acordo com a Arsesp, agência reguladora estadual, a Comgás informou recentemente ter recebido dois pedidos de migração parcial de usuários do setor ceramista para o mercado livre – ambos negociaram a molécula com a Edge. A Arsesp esclareceu, contudo, que a formalização da migração ocorrerá somente após a apresentação da celebração dos CUSDs (Contratos de Uso do Sistema de Distribuição) – o que ainda não ocorreu.
Na busca por novos clientes, Simões destaca que o desenvolvimento do mercado livre é um caminho baseado em competição e que a comercializadora ainda acompanha, nesse sentido, os desdobramentos da nova política de preços da Petrobras – que promete reduzir seus preços, inclusive para contratos vigentes. Para o CEO da Compass, ainda é cedo para avaliar qual será o impacto do novo posicionamento comercial da estatal, principalmente diante da troca de comando na petroleira. Segundo ele, a expectativa é que a redução de preços da Petrobras gere mais competição para a Edge. Por outro lado, a notícia é “neutra para positiva” para as distribuidoras do grupo Compass – que são clientes da estatal.
Simões disse, ainda, que espera chegar em breve a um “alinhamento final” com a ANP sobre a operação do TRSP. A empresa iniciou a operação do terminal de GNL, em abril, sem prévia autorização da agência – que, por sua vez, mandou interditar o ativo até que o aval seja dado. A disputa foi judicializada. A Edge alega que opera o terminal com base em aprovação tácita, prevista na Lei da Liberdade Econômica. A autorização para pré-operação do TRSP estava na pauta da diretoria da ANP desta quinta (16), mas o diretor Fernando Moura pediu vistas do processo, para aprofundar questionamentos junto à equipe técnica. O assunto guarda correlação com outro tema em discussão na ANP: a minuta de acordo com a Arsesp para harmonização na classificação do gasoduto Subida da Serra, da Comgás.
Fonte: Epbr
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