A Tradener iniciou a venda de gás natural para o setor industrial com produção própria de seu poço no município de Pitanga, no Paraná. A iniciativa da companhia, que opera na comercialização e geração de energia e exploração de gás, é mais passo num mercado que vem ganhando corpo e se tornando uma opção de fonte de energia para a indústria. O poço da Tradener iniciou operações em julho de 2022 e tem uma capacidade plena de produção de até 100 mil metros cúbicos por dia. Este primeiro contrato prevê a venda inicial de 40 mil metros cúbicos por dia já em 2024, com um aumento de volume em janeiro de 2026 atingindo 80 mil metros cúbicos diários. A comercialização será feita em parceria com a GNLink, empresa do Rio de Janeiro que irá comprar o gás na cabeça do poço e ficará responsável por sua distribuição. A GNLink converte o gás natural em gás natural liquefeito (GNL), o que permitirá acessar grandes clientes localizados a distâncias superiores a 1.000 km por transporte rodoviário. Contudo, o mercado prioritário será o Paraná. A comercialização utilizando o modal rodoviário ocorre também porque o gás é originário de uma região onde as redes de distribuição ainda não estão plenamente desenvolvidas. No jargão do setor, este modelo é conhecido como “gasoduto virtual”, em que o transporte é feito por caminhões.
Walfrido Avila, presidente da Tradener, explicou que o poço, anteriormente com produção ociosa, abastecia apenas a térmica de Barra Bonita, gerando 10 MW de energia e consumindo 20 mil metros cúbicos de gás por dia. Agora, os 80 mil metros cúbicos excedentes estão sendo direcionados ao mercado. “Há possibilidade de um grande consumidor comprar a molécula diretamente, como acontece no mercado livre de gás [segmento em que o consumidor pode escolher o seu fornecedor e estabelecer contratos por prazo ou preço sem estar vinculado a uma distribuidora local] dentro dessa produção de 80 mil metros cúbicos por dia. O que não significa uma imensa produção. O poço não é gigantesco”, disse o executivo.
O anúncio da Tradener ocorre quando o mercado industrial busca mais oferta do energético. A Gerdau abriu o mercado livre de gás no Rio de Janeiro com um contrato com a e a Naturgy, para suprimento à Cosigua, unidade de produção de aços longos no Rio. Outro grande consumidor que entrou no segmento foi a também siderúrgica CSN, que fechou parceria com um pool de empresas — Petrobras, Shell e Galp — para suprir as necessidades energéticas da usina Presidente Vargas, em Volta Redonda (RJ). Outras regiões do Brasil já vivem suas primeiras experiências com o mercado de gás. Em Sergipe, a Eneva busca novos contratos de gás para aproveitar capacidade ociosa de seu terminal de regaseificação e fornecer GNL importado. Ainda neste ano, o terminal de GNL do Porto de Suape, em Pernambuco, da Oncorp, também será conectado à malha da TAG. Recentemente, a New Fortress Energy (NFE) inaugurou um terminal de GNL em Santa Catarina, com aportes de R$ 500 milhões. Este é o primeiro da região Sul e já tem contrato firmado com a TBG para fornecimento de gás por meio da sua conexão com o Gasbol. O gasoduto da Subida da Serra, da Comgás e que interliga a Baixada Santista ao restante do Estado de São Paulo, também deve aumentar a oferta de gás ao mercado, mas o empreendimento está no centro de um impasse federativo, entre Arsesp e ANP, sobre a definição se a infraestrutura é de distribuição ou de transporte.
Fonte: Valor Online
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