A Transportadora Brasileira Gasoduto Bolívia-Brasil (TBG) está reconfigurando o seu plano de expansão da capacidade do trecho Sul do Gasbol e espera lançar em 2025 a chamada pública incremental, para contratação da capacidade nova. A agência eixos apurou que a empresa está avaliando um modelo em que seja possível ofertar ao mercado projetos faseados, modulares, com adições marginais de capacidade por meio de investimentos em novas estações de compressão (as Ecomps). A ampliação em pequenas etapas seria uma forma de alinhar os planos de expansão às demandas do mercado da região Sul e, assim, contornar a percepção de risco dos carregadores na contratação de volumes maiores. Procurada, a TBG confirmou que tem planos de realizar a chamada em 2025 e que já submeteu à ANP o projeto para construção de uma nova estação de compressão em Santa Catarina para aumentar a capacidade do trecho sul em cerca de 400 mil m³/dia. “O faseamento do projeto será importante porque será incorporado à chamada pública, ou seja, iremos progressivamente ofertando ao mercado capacidades incrementais atreladas às suas respectivas tarifas de referência”, comentou a empresa, em nota. A chamada será concluída quando a capacidade ofertada se equiparar à demanda. Desta forma, esperamos mitigar o risco atrelado a contratações maiores”, diz a TBG.
Inicialmente, a TBG estava trabalhando para ofertar na chamada uma solução mais estrutural de ampliação da capacidade do Gasbol. A transportadora chegou a apresentar à ANP um projeto que aumentaria em até 7 milhões de m³/dia a capacidade do gasoduto – uma combinação de novas estações de compressão e alguns trechos de loops (seção paralela a gasodutos existentes) na faixa do Gasbol. Em 2023, a TBG já havia sinalizado que estava trabalhando na otimização do projeto, após consultas ao mercado. O cenário, segundo a empresa, vinha se mostrando “razoavelmente volátil”. Em Santa Catarina, por exemplo, a SCGÁS lida com frustrações na demanda – em especial do setor ceramista. O faseamento marca uma mudança na estratégia da companhia, para uma ampliação mais gradual. A TBG já vem fazendo alguns ajustes na malha. Na chamada pública 03/2021, a transportadora se comprometeu a aumentar a capacidade na zona SC2, em Santa Catarina, de 826 mil m³/dia para 1,469 milhão m³/dia a partir de 2024. Um projeto que envolvia, ainda, a ampliação das Ecomps de Araucária (PR) e Biguaçu (SC), transferindo, assim, uma capacidade de saída adicional para o extremo sul do Gasbol. Com isso, a TBG assegura uma capacidade extra de entrega de gás ao mercado catarinense, sem que haja perdas na capacidade de envio ao Rio Grande do Sul.
A necessidade de ampliação da capacidade de envio de gás ao Rio Grande do Sul foi tema, na semana passada, de um encontro promovido pela Sulgás, a concessionária de gás canalizado local, com representantes da TBG e Transportadora Sulbrasileira de Gás (TSB) – que opera o gasoduto que leva gás argentino à Uruguaiana (RS). Também estiveram presentes membros da Agergs, o regulador estadual, da Abegás (distribuidoras), Commit (sócia da Sulgás), além de autoridades do governo estadual e do empresariado local. A Sulgás estima que precisa, num primeiro momento, de ao menos 250 mil m3/dia adicionais.
A ampliação do Gasbol é um pleito histórico das distribuidoras do Sul. Os gargalos do gasoduto Bolívia-Brasil já são uma realidade. O Gasbol é telescópico, o seu diâmetro é menor ao longo da extensão. Mais de 20 anos após a construção do gasoduto, ele apresenta barreiras à expansão do mercado no Extremo Sul, sobretudo entre Santa Catarina e Rio Grande do Sul. A capacidade do Gasbol até o Rio Grande do Sul está limitada em 2,5 milhões m³/dia. A EPE já aponta, em seus estudos, restrições, por exemplo, na operação da termelétrica Canoas (248,5 MW) a plena carga, de forma simultânea à operação do Pólo Petroquímico de Triunfo – o que leva a substituição do gás por diesel na usina.
Fonte: Eixos