Para a consultora independente e ex-presidente da BP Brasil, Ieda Gomes, as medidas previstas no decreto do programa Gás para Empregar terão repercussão a longo prazo. Ela cita, ainda, que as infraestruturas, como transporte, escoamento e tratamento dependerão de um planejamento por parte da EPE e da ANP. Para a consultora, é necessário fortalecer o regulador para que ele possa desempenhar suas atividades, sobretudo no atual contexto em que houve ampliação do rol de competências da ANP. “A agência agora tomou um papel enorme em termos de Combustível do Futuro, gás natural, hidrogênio verde”, afirmou. Além de regular sobre esses temas recentes, também foi atribuída à ANP a regulação da captura e estocagem de carbono.
Gomes apontou como “um sinal positivo para o mercado” a possibilidade de a PPSA acessar as infraestruturas de escoamento e processamento. “Ela [a PPSA] já produz um volume pequeno de gás, mas cria-se um sinal positivo para o mercado de que vai haver uma certa competição se ela tiver esse acesso”, disse. A respeito dos volumes de reinjeção, Gomes avalia que deve ser considerado caso a caso, considerando a revisão das curvas de produção e curvas de disponibilidade no médio e longo prazo. Segundo a consultora, o cenário de crise hídrica que o Brasil vem enfrentando e o possível aumento da demanda de gás natural liquefeito (GNL) para o despacho de térmicas fará com que o mercado encontre um equilíbrio entre oferta e demanda. “O preço é resultado desse equilíbrio”, afirmou. A especialista projeta um excesso da oferta de GNL para 2026 a partir dos novos projetos que estão entrando em decisão final de investimentos (FID, na sigla em inglês), pressionando os preços para baixo. “Pode baixar a sete ou oito dólares por milhão de BTU e subir a 12 ou 13, se houver um inverno muito forte, que é um fator que é sempre exógeno, mas interfere muito no preço do GNL”, disse.
Fonte: Eixos