A Naturgy está trabalhando para desenvolver projetos de redes de distribuição que possam fornecer biometano e gás natural, inclusive para municípios nos quais a rede principal não chega. Em entrevista à Brasil Energia, Christiane Delart, diretora de Distribuição da companhia que controla CEG, CEG Rio e São Paulo Sul, dá detalhes sobre a estratégia. Confira abaixo os principais trechos da conversa.
Como a estrutura de distribuição de gás da companhia pode apoiar a adoção do fornecimento de biometano em suas áreas de atuação? O gás natural e o biometano são um casamento perfeito, por serem intercambiáveis. Assim, tudo o que desenvolvemos de infraestrutura para um servirá para o outro. Hoje, quando pensamos em expansão, já pensamos se podemos chegar aos novos municípios com o biometano, com a combinação dos dois combustíveis ou ainda levar primeiro o gás natural e posteriormente biometano.
Explique melhor…Hoje, a Naturgy distribui gás natural para todo o estado do Rio e para municípios do sul de São Paulo. Temos 8.400 km de rede instalada e atendemos 1 milhão e 200 mil clientes, atuando nos segmentos residencial, comercial e industrial, além de sermos líderes em distribuição de GNV. Fornecemos cerca de 7 milhões de metros cúbicos de gás natural por dia, sem contar com as termelétricas, o que somaria até 11 milhões de metros cúbicos diários. Toda essa infraestrutura está apta também para receber o biometano. Nosso objetivo, como distribuidora, é apoiar o Estado em sua transição energética, auxiliando no desenvolvimento de infraestrutura para utilizar essa energia renovável em conjunto com o gás natural. Hoje, estima-se que a produção de biometano no Rio possa chegar a 1,3 milhão. Então, os dois combustíveis podem ser usados de forma complementar, até que o mercado do biometano alcance a maturidade que hoje o gás natural já tem.
Além do fornecimento de gás encanado, existem planos para o GNV? O Rio de Janeiro é o estado líder em distribuição do combustível, com 1,7 milhão de veículos leves convertidos e mais de 700 postos de combustível. Desenvolvemos um projeto de Corredor Sustentável, em conjunto com o governo do estado, através da Secretaria de Energia e Economia do Mar, para potencializar o abastecimento de veículos pesados não só com GNV, mas também com biometano. Com isso, o estado foi pioneiro no lançamento do primeiro corredor na Dutra. A Naturgy já tem mais 10 corredores mapeados para implementação. Substituindo o diesel pelo gás natural, já reduzimos em 25% as emissões de CO2. Se considerarmos o biometano, a emissão é praticamente nula.
De que forma o gás natural e o biometano podem ser complementares nas atividades da Naturgy? Enxergamos o gás natural atuando de forma combinada com as novas fontes de energia renováveis, para garantir o fornecimento e a segurança do sistema. De modo integrado, o gás pode garantir a segurança de suprimento e o atendimento à maior demanda energética, até que o biometano e outras novas tecnologias possam alcançar a maturidade já atingida pela indústria do petróleo e gás, para serem produzidas em larga escala. Esse processo de substituição de fontes de energia será gradual e mesmo nos cenários mais otimistas de descarbonização, inclusive internacionais, não há um futuro sem gás natural pelo menos nos próximos 30 anos.
Ainda sobre infraestrutura: como ela pode ser expandida para a distribuição de biometano nas áreas em que atua? E quais serão os desafios para isso? A distribuidora pode apoiar sendo um elo entre produtores e clientes. Estamos caminhando a passos largos, mas ainda há bastante a avançar. Hoje, no estado do Rio, ainda temos o desafio da falta de autorização para a distribuição do biometano pelas concessionárias de gás, mas estamos avançando na análise de projetos, conversando com os produtores, com os clientes, para tornar isso uma realidade assim que possível. Precisaremos analisar projeto a projeto, para identificar para cada um deles a forma mais adequada de distribuir o biometano.
Será possível injetá-lo na rede? Em alguns locais, vai ser possível injetá-lo na rede. Em outros locais, teremos que pensar em projetos estruturantes, levando o combustível de caminhão e injetando em redes locais, como já é feito em alguns municípios com o gás natural.
Você pode detalhar o mapeamento, em conjunto com a Fundação Getúlio Vargas, para identificar quais municípios têm maior geração de resíduos e maior potencial de geração de biometano? Este mapeamento visa identificar quais municípios têm maior potencial para produção do biometano e, a partir deste levantamento, a Naturgy tem o objetivo de apoiá-los quanto à gestão de resíduos e geração de uma energia limpa, além de desenvolver a infraestrutura local, viabilizando a entrega dessa energia ao cliente final.
E sobre os projetos estruturantes que a companhia possui para levar gás natural e do biometano a regiões sem acesso à rede principal de distribuição? Para ampliar a chegada do gás natural e do biometano a regiões mais distantes, onde a rede principal ainda não chega, a Naturgy tem projetos estruturantes. A empresa leva o gás natural comprimido, por meio de caminhões, e chegando nessas regiões abastece redes locais. Nós vemos o biometano como parceiro para chegar em municípios onde a rede não seria viável em um primeiro momento. Se conseguirmos juntar os produtores locais de biometano com os potenciais clientes de gás, falamos em uma logística mais simples e eficaz e teríamos municípios verdes. Já temos sete projetos estruturantes instalados, com gás natural, distribuindo mais de um milhão e 300 mil metros cúbicos de gás. Temos mais 29 possíveis novos municípios mapeados nos planos de expansão da companhia no Rio e em São Paulo.
Em junho, a Petrobras, a Gerdau e a Naturgy assinaram os contratos para o fornecimento de gás natural no ambiente livre de comercialização para atendimento à Cosigua. Existem outros contratos desta natureza nos planos da Naturgy? Este mês, a Naturgy, a Ternium e a Petrobras assinaram contrato para o fornecimento de gás natural no ambiente livre de comercialização para atendimento à unidade da Ternium localizada no Rio de Janeiro. A parceria está alinhada à estratégia da empresa de apoiar indústrias em seus processos de descarbonização. Este é mais um passo importante para que a abertura do mercado de gás no Rio de Janeiro se torne, de fato, uma realidade. A Ternium é um importante cliente do mercado cativo há muitos anos e a Naturgy enviou todos os esforços possíveis para que essa migração acontecesse no menor tempo possível. Medidas de estímulo à concorrência tendem a contribuir para a redução do preço da molécula de gás, o que beneficiará todos os segmentos de mercado. A Naturgy seguirá trabalhando para gerar cada vez mais competitividade para os seus clientes.
Fonte: EnergiaHoje
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