Segundo o superintendente de Comercialização da Pré-Sal Petróleo (PPSA), Guilherme França, o acesso à infraestrutura de processamento de gás natural é uma atividade “nada trivial” dentro da atual estrutura da companhia. E afirmou que a estatal analisa uma forma de, num primeiro momento, terceirizar essa operação. O CNPE aprovou em agosto uma resolução que autoriza a PPSA a contratar os sistemas de escoamento (SIE) e processamento (SIP) e, assim, a comercializar diretamente no mercado o gás que cabe à União nos contratos de partilha. A medida está em linha com o programa Gás para Empregar e é uma forma de promover a diversificação do mercado – hoje, a PPSA vende o gás da União para a Petrobras, na saída dos navios-plataforma que estão em produção. França, no entanto, destacou que contratar o processamento não é simples e que, por isso, a PPSA está analisando a possibilidade de contratar o SIP e ceder os direitos de processamento para outra empresa – aquela, por exemplo, que vier a comprar o gás da União e tenha experiência no acesso às UPGNs. “Porque gerir esse processo todo exige uma mão de obra da qual não dispomos hoje, embora estejamos tentando remediar isso”, afirmou França, ao participar do Fórum Técnico PPSA 2024. Ele citou que atuar no processamento exigirá da companhia vender não só o gás natural, mas também os seus líquidos – como o gás liquefeito de petróleo (GLP). “Um produto que pode mudar constantemente [de preço no mercado]. Temos que ver como é que botamos nossa estrutura de governança para ter a liberdade de mover preço”, comentou.
A PPSA ainda está formatando o modelo dos leilões de comercialização do gás natural da União, mas a intenção é que no primeiro certame, previsto para ocorrer até o fim de 2025, sejam oferecidos contratos de um a dois anos. O diretor de Administração, Finanças e Comercialização da estatal, Samir Awad, contudo, disse que a tendência é que, para as próximas licitações, sejam ofertados lotes de dois a três anos – mais longos, portanto, do que os contratos de comercialização do óleo da União. No 4º leilão de petróleo, este ano, por exemplo, a PPSA ofereceu contratos de 12 meses. Para 2025, no 5º leilão, o plano é que sejam negociados lotes de 12 a 18 meses. “Os contratos de gás tendem a ser de maior duração. Contratos de dois anos, de três anos, eventualmente”, afirmou Samir Awad. “Mas, ainda assim, tudo isso é um exercício. O que existe de concreto é o compromisso de tentar de tudo para que a gente faça esse primeiro leilão [em 2025]”, completou. A parcela de gás da União deve crescer consideravelmente nos próximos anos, mesmo no cenário mais pessimista traçado pela PPSA. A estatal estima, no cenário mais provável, que a parcela da União no gás produzido nos contratos de partilha cresça dos atuais 255 mil m³/dia para 300 mil m3/dia em 2026; 1,1 milhão de m3/dia em 2027; até atingir o pico de 3,4 milhões de m3/dia em 2031. Samir Awad destacou que, nos primeiros anos, a comercialização de gás da União não gere “receitas extraordinárias”. “Mas o importante é materializar esse primeiro passo e aí passaremos a ter leilões, não com tanta frequência [como os] de petróleo”, disse.
Fonte: Eixos
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