Em busca de redução de custos e de flexibilidade de suprimento, a Samarco fechou contrato para compra de gás da Eneva no mercado livre para o Complexo de Ubu, no Espírito Santo. O acordo é de três anos e o fornecimento começou em janeiro. As companhias não abrem o volume ou o valor do contrato, mas, segundo a Samarco, o acordo com a Eneva representa 40% do total consumido mensalmente. Glauber Vignero, gerente de comercialização da Eneva, diz que é importante ter grandes clientes como a Samarco para aprimorar o mercado livre de gás. “Esse mercado ainda está em desenvolvimento, então cada cliente que migra tem importância”. O mercado livre foi estruturado com a Nova Lei do Gás e permite que um grande consumidor escolha o fornecedor, as condições dos contratos e o prazo do suprimento.
Grandes nomes da indústria migraram para o novo modelo, como a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), Vale, Gerdau e Ternium. A Eneva tem contrato no mercado livre com a Vale, com fornecimento de 150 mil metros cúbicos por dia a partir do primeiro semestre de 2025, evoluindo para 250 mil metros cúbicos diários no segundo semestre. Vignero diz que, apesar de não divulgar o volume que será fornecido à Samarco, a mineradora estará entre os maiores consumidores, grupo em que se destaca a indústria de base. “O contrato é relevante no âmbito do mercado livre.” Conforme o gerente da Eneva, o gás a ser entregue à Samarco, no primeiro momento, virá por importação de Gás Natural Liquefeito (GNL) via “hub” de Sergipe. A origem do gás pode mudar a depender da estratégia de portfólio da Eneva. Segundo a Samarco, o Complexo de Ubu usa gás desde 2010, quando passou a substituir o óleo combustível nos fornos de pelotização. A companhia aderiu ao mercado livre de gás em 2023, com um contrato com a Vibra. A mineradora diz que a compra do insumo por esse modelo cresceu de maneira gradual e representa 75% do gás consumido. A substituição do óleo combustível representou redução de cerca de 14% nas emissões de gás carbônico equivalente por tonelada produzida de pelotas, de acordo com a Samarco.
No contrato com a Eneva, a Samarco irá realizar pagamentos de acordo com o volume de gás recebido mensalmente, respeitando os termos comerciais acordados. No Complexo de Ubu, a companhia utiliza o gás natural nos fornos de pelotização como energia térmica para o processo produtivo. As atividades da Samarco ficaram paralisadas por cinco anos a partir de 2015 pelo rompimento da barragem de Fundão, em Mariana (MG). A mineradora ainda caminha para sair da recuperação judicial e avançar na operação. Em dezembro, reativou duas unidades em Minas Gerais. Agora, aguarda aval da Justiça e dos administradores judiciais para sair do processo de recuperação judicial. Segundo a Samarco, foram cumpridas as obrigações de curto prazo e a empresa está pronta para encerrar o processo. Com reativação do concentrador 2 em dezembro, a companhia espera alcançar produção de 15 milhões de toneladas de pelotas e finos de minério em 2025. O volume é o dobro da produção da companhia quando retomou as atividades em 2020.
Fonte: Valor Econômico
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