Destaques do período são crescimento do segmento de geração elétrica a gás natural (alta de 22,9%) e do comercial e residencial (2,4% e 1,4%, respectivamente)
O consumo médio de gás natural em 2024 em todo o Brasil chegou a aproximadamente 52,47 milhões de metros cúbicos/dia, uma variação de 0,7% na comparação com o resultado de 2023, quando o consumo médio foi de cerca de aproximadamente 52,07 milhões de metros cúbicos/dia.
Esses dados representam a somatória dos volumes consumidos pelos clientes dos segmentos industrial, automotivo, comercial, residencial, geração elétrica, cogeração, matéria-prima e outros, a partir de levantamento estatístico mensal da Abegás com concessionárias de distribuição de gás canalizado em todo o País.
O destaque no ano foi o crescimento do consumo médio na geração elétrica a gás natural, com alta de 22,9% – resultado do aumento de despacho de gás natural para as usinas termelétricas pelo Operador Nacional do Sistema Interligado (ONS). Em 2024, o despacho foi de 14,66 milhões de metros cúbicos/dia, enquanto em 2023 foi de aproximadamente 11,93 milhões de metros cúbicos/dia.
Na outra ponta, o segmento automotivo teve uma queda de 14,3%, consumindo 4,37 milhões de metros cúbicos/dia, ao passo que em 2023 o consumo tinha sido de 5,33 milhões de metros cúbicos/dia. Outro momento de queda foi registrado no segmento industrial, com 3,6% de variação negativa – o consumo médio foi de aproximadamente 28,39 milhões de metros cúbicos/dia em 2024, ante cerca de 29,46 milhões de metros cúbicos/dia em 2023.
“O alto custo da molécula ao longo de 2024 trouxe reflexos intensos para o segmento automotivo, que registrou o menor consumo diário dos últimos 15 anos, 4,5 milhões de metros cúbicos/dia, reduzindo sua contribuição para a descarbonização da matriz de transportes. O segmento industrial também apresentou retração, o que impacta diretamente a competitividade da indústria brasileira. Lembro que as distribuidoras não têm gerência sobre o preço da molécula de gás, e o atual modelo de precificação lastreado pelo mercado internacional reduz a competitividade do energético no mercado brasileiro”, explica o presidente executivo da Abegás, Augusto Salomon.
Segundo Salomon, o crescimento da geração elétrica demonstra a importância do segmento para garantir a segurança energética.
“As termelétricas a gás foram fundamentais em 2024, principalmente durante a crise hídrica e as inesperadas ondas de calor, e também frente às mudanças no perfil do consumo de energia do País que, agora, não conta mais horários de pico. Esse quadro pode se repetir ao longo de 2025 e nos próximos anos. Portanto, é necessário que o Brasil esteja melhor preparado para enfrentar esse cenário. Nesse sentido, o investimento em novas térmicas a gás natural é essencial para dar resiliência ao setor elétrico e resguardar a segurança energética do País”, defende Salomon.
Os segmentos comercial e residencial também avançaram, com altas de 2,4% e 1,4%, respectivamente, em reflexo dos investimentos das distribuidoras de gás canalizado para expandir a rede de distribuição e para a captação de novos clientes.
Na análise do diretor técnico-comercial da Abegás, Marcelo Mendonça, o Brasil precisa acelerar as medidas para estimular o gás natural como energético para promover a transição energética, especialmente no uso como combustível em veículos pesados, tanto no transporte de carga como de passageiros. “A substituição do diesel por gás natural, além de reduzir as emissões e contribuir para as metas ambientais do País, vai gerar demanda, será um motor para o crescimento econômico do País, fomentando a produção nacional, com oferta competitiva, o que é essencial para a reindustrialização do País. Isso vai ajudar o País a gerar empregos, mobilizando investimentos em infraestrutura essencial, e abrindo espaço para o crescimento do biometano”, afirma Mendonça.
Hoje, o gás natural chega a mais de 4,7 milhões de consumidores via 45 mil quilômetros de redes de distribuição espalhadas por todo o País.
Consumo em 2024 em todos os segmentos
Industrial — Registrou recuo de 3,6% no consumo na comparação com 2023, em função do O crescimento mais lento da economia em 2024 e do preço elevado da molécula.
Automotivo — O uso de GNV em veículos leves recuou 14,3% em 2024. O alto custo da molécula também se reflete no segmento automotivo com perda de competitividade em relação aos combustíveis líquidos, ainda que o GNV tenha maior rendimento e mais benefícios ambientais.
Comercial — O segmento cresceu 2,4% em 2024, acompanhando a curva positiva do setor de serviços no País, com um consumo médio de 897,6 mil m³/dia.
Residencial — O consumo residencial apresentou ligeira alta de 1,4% em 2024 na comparação com o ano anterior, registrando consumo médio 1,4 milhão de m³/dia e mostrando que as distribuidoras seguem investindo na expansão do serviço de gás canalizado.
Cogeração e Matéria-prima — O consumo nos segmentos apresentou retração de 28,4% e 11,4%, mostrando menor resiliência ao ritmo mais lento da economia em 2024.
Geração elétrica — Em 2024, as térmicas a gás foram mais acionadas para garantir a segurança energética do País, principalmente, em virtude de mais uma crise hídrica com um período seco prolongada e também das inesperadas ondas de calor onde houve um aumento significativo no consumo de energia elétrica, resultando em alta de 22,9% do volume de gás natural destinado à geração termelétrica, totalizando 14,6 milhões m³/dia.
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