O Plano Nacional Integrado das Infraestruturas de Gás Natural e Biometano (PNIIGB), cuja consulta pública foi aberta pela EPE na última segunda (29), traz uma relação de empreendimentos que deverão movimentar investimentos da ordem de R$ 45 bilhões. O plano tem como objetivo promover o desenvolvimento coordenado da oferta, da demanda e da infraestrutura de gás natural e biometano no país. O documento apresenta os projetos selecionados para este ciclo do PNIIGB, trazendo justificativas e detalhamento de cada escolha, bem como análises de custo e diagnóstico dos seus impactos do ponto de vista socioambiental, de conexão com a infraestrutura existente e de emprego e renda. Também é apresentado um resumo dos projetos já analisados no âmbito do artigo 6º F do Decreto nº 12.153/2024. O estudo mobilizou todas as áreas da EPE com o objetivo de indicar as melhores alternativas para promover a expansão da infraestrutura de gás natural e biometano. Definido pelo Decreto 12.253, de 2024, o plano tem um horizonte de 10 anos. Foram considerados como critérios, na elaboração do estudo, alternativas para eliminar gargalos e restrições à movimentação e o reforço da malha visando novas conexões de gasodutos; a segurança do abastecimento, promovendo a diversificação de ofertas e a interiorização do gás; e o escoamento e processamento da oferta nacional.
Com o objetivo de tratar os gargalos e restrições à movimentação e reforçar a malha visando novas conexões de gasodutos, foram definidos os seguintes projetos:
– Estação de Compressão (ECOMP) Itajuípe, na Bahia. Com investimento estimado em R$ 757 milhões, o projeto ampliará a capacidade de transferência do Gascac de 9,4 milhões para 12,4 milhões de metros cúbicos/dia.
– Conexão do Porto do Açu à malha integrada. Projeto envolveu a análise de dois projetos existentes, o Gasoduto Gasog (45 quilômetros) e o gasoduto Gasinf (101 quilômetros), que atendem os requisitos de conexão. Para o caso do Gasog, os investimentos são estimados em R$ 1 bilhão; para o Gasinf, a estimativa é de R$ 1,9 bilhão. Considerando-se o menor impacto no custo sistêmico, foi recomendado nesse ciclo do plano o Gasog.
– Expansão da capacidade de escoamento entre os estados do Rio de Janeiro e São Paulo. Foi elaborado o projeto Corredor Pré-Sal Sul, que envolve a duplicação dos gasodutos Gasjap e Gascar, entre Taubaté/SP e Japeri/RJ, com a instalação de novas Ecomps em Piracaia, Taubaté e Vale do Paraíba, em São Paulo, e em Campos Elíseos, no Rio. O projeto pode ampliar a capacidade de transferência entre as malhas NTS e TBG em Paulínia (SP) de 12,5 milhões para 25 milhões de metros cúbicos por dia. Os investimentos previstos são de R$ 7,7 bilhões.
– Expansão da capacidade no trecho setentrional da malha integrada do Nordeste. Foi escolhido o projeto denominado Veredas, da TAG. A indicação se limita, nesse ciclo do plano, à etapa 1 do projeto, envolvendo a duplicação de 84 quilômetros do Nordestão e ampliação da Ecomp Pilar. A iniciativa poderá ampliar a capacidade em até 4 milhões de metros cúbicos por dia. Os investimentos são estimados em R$ 2,6 bilhões.
– Expansão do Gasbol na região Sul. Prevê uma nova Ecomp, a movimentação de uma Ecomp existente e a duplicação de um trecho de 249 quilômetros de gasoduto entre Siderópolis e Canoas, no Rio Grande do Sul. O projeto possibilitará o escoamento de gás argentino em direção ao norte do Gasbol e ampliará a oferta para o Rio Grande do Sul e Santa Catarina em 2 milhões de metros cúbicos por dia, com investimentos estimados de R$ 3 bilhões.
Em relação à segurança do abastecimento, a EPE procurou diversificar a oferta, além de promover a interiorização do gás. Com esse critério, foram incluídos:
– Conexão Uberaba (MG). Envolve a construção de um gasoduto de 260 quilômetros e 20 polegadas de diâmetro, com capacidade de 6 milhões de metros cúbicos/dia, para atender a região do Triângulo Mineiro. O gasoduto atenderá a demanda de fábrica de fertilizantes e de indústrias químicas na região. Os investimentos são estimados em R$ 3,1 bilhões.
– Conexão Extrema (MG). O projeto de conexão de Extrema à malha integrada é o Gasbex, que visa o atendimento ao consumo industrial do município. O gasoduto tem 28 quilômetros e diâmetro de 6 polegadas, com capacidade para 300 mil metros cúbicos por dia. Os investimentos são de R$ 200 milhões.
– Conexão Brasil-Argentina (GASUP 2). O projeto visa ampliar a integração entre os dois países, permitindo compensar a queda de importação do gás boliviano com as reservas de shale gás de Vaca Muerta. O duto terá 539 quilômetros e diâmetro de 24 polegadas, com capacidade para 15 milhões de metros cúbicos por dia. O projeto inclui 3 Ecomps, com investimentos previstos de R$ 8,9 bilhões.
Considerando a diversificação de fontes, foram incluídos dois projetos relacionados ao biometano:
– Hub em São Carlos (SP). Terá capacidade de 530 mil metros cúbicos por dia e atenderá uma região com grande concentração de oferta de biometano. Está localizado ao lado da Ecomp São Carlos, próximo ao Gasbol, e poderá permitir recebimento de carretas de GNC. Investimentos previstos de R$ 135 milhões.
– Hub em Porecatu (PR). Compreende ainda um gasoduto que segue de Porecatu a Bilac (SP) para a conexão com o Gasbol, com 185 quilômetros, 10 polegadas e capacidade de transporte de 590 mil metros cúbicos por dia. O hub atende região com grande concentração de oferta de biometano. Investimentos estimados em R$ 949 milhões.
Para o escoamento e processamento da oferta nacional, aumentando a segurança do abastecimento, são dois os projetos incluídos.
– Promoção do melhor aproveitamento do gás natural do campo de Bacalhau e dos campos vizinhos. Projeto prevê um gasoduto de escoamento, com 360 quilômetros, e uma nova UPGN em Cubatão. Bacalhau terá capacidade de exportar 8 milhões de metros cúbicos por dia. O bloco de Aram poderá oferecer outros 4,5 milhões de metros cúbicos diários. Os investimentos previstos são de R$ 5,1 bilhões para o gasoduto e de R$ 2,7 bilhões para a UPGN.
– Projeto para o aproveitamento do gás do campo Gato do Mato. O projeto visa escoar o gás desse campo por meio de uma pequena conexão de 24 quilômetros à Rota 2. O volume previsto é de 1,5 milhão de metros cúbicos por dia. Investimentos são estimados em R$ 529 milhões.
Fonte: EnergiaHoje
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