Durante o Summit SP+Verde, o CEO da Edge, Demetrio Magalhães, afirmou que o Brasil tem um enorme potencial para descarbonizar o setor de transportes e reduzir a emissão de particulados, e o gás natural vai abrir caminho para a expansão do biometano por meio da integração dos dois energéticos. Magalhães reforçou que o biometano e gás natural são a mesma molécula (CH4), o que os torna intercambiáveis e permite que toda a infraestrutura existente para o GN seja utilizada também pelo gás renovável. Segundo ele, o principal desafio é a competitividade e a escala do biometano no Brasil. “Acreditamos que o ‘blend’, a mistura do biometano com gás natural, pode promover a descarbonização de forma imediata e ao mesmo tempo dar escala para o biometano. O gás natural abre caminho para a expansão do biometano”, acrescentou Magalhães.
O executivo lembrou também que a substituição do diesel por gás natural em frotas pesadas pode reduzir as emissões de CO2 em 25%, e que, com o biometano, esse impacto é ainda maior. A Edge, que recentemente iniciou a operação do terminal de regaseificação de GNL, também investe no desenvolvimento do gás renovável. “Estamos concluindo a construção de uma planta de purificação de biometano em Paulínia (SP), que será a maior do país, com capacidade inicial de 225.000 metros cúbicos por dia”, disse. Magalhães afirmou ainda que, além da geração de energia elétrica, a mobilidade é um dos vetores mais promissores para o avanço do gás natural e do biometano. “Se convertêssemos toda a frota de caminhões do Brasil de diesel para gás natural, a demanda poderia chegar a 150 milhões de metros cúbicos por dia. Na China, cerca de 10% dos caminhões já operam com GNL, com autonomia de até 1.200 km”, afirma.
Para o executivo, a colaboração entre os setores público e privado é crucial para acelerar a presença do gás natural e do biometano no transporte pesado. “Acredito firmemente no papel desses combustíveis na descarbonização e nos benefícios à saúde pública. São Paulo já dá sinais importantes, com políticas como incentivos no IPVA”. Já o secretário Estadual de Parcerias em Investimentos do governo de São Paulo, Rafael Benini, destacou que o estado tem uma capacidade gigantesca de produzir biometano a partir do lixo e da cana-de-açúcar. “Presidente Prudente é um exemplo de cidade totalmente abastecida por biometano gerado localmente e a expectativa de que Rio Preto e outras cidades sigam o mesmo caminho”, afirmou. Benini recordou que a prefeitura de São Paulo, após implementar um programa de descarbonização que só aceitava ônibus elétricos, agora também passou a aceitar ônibus a biometano. Segundo ele, a importância do governo está em coordenar os diversos atores (públicos e privados) para unir o capital a ser investido no bem comum. O executivo afirmou que, para implementar todos esses projetos, é necessário muito dinheiro e a parceria com instituições como o BNDES e o Banco do Brasil é fundamental. “Não há mais tempo a perder. É preciso agir agora e implementar as tecnologias disponíveis o mais rápido possível e ser “bold” (ousado) nas decisões”.
A Chief Public Affairs Officer da TRATON Group, Jennie Cato, concorda com Benini no sentido de que parcerias com governos, governos locais e formuladores de políticas públicas são cruciais. Para ela, um bom passo está nas compras públicas. “O dinheiro gasto em serviços de transporte, como caminhões de lixo em cidades como São Paulo, pode ser usado de forma inteligente para impulsionar o transporte verde”, sugeriu. A Scania e o grupo Traton, disse ela, estão investindo pesadamente não apenas em seus próprios veículos, mas também em infraestrutura de carregamento, parcerias para produção de biometano e outros serviços de ecossistema.
Fonte: EnergiaHoje
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