A cogeração a gás é necessária para garantir a confiabilidade da energia e o lastro de potência, além de proporcionar segurança energética, afirmou o gerente executivo institucional da Necta Gás, Ricardo Cantarani, durante sua apresentação na nona edição do Fórum da Cogen, realizado quinta (02) em São Paulo.
De acordo com Cantarani, são muitos exemplos concretos em São Paulo, em centros comerciais (como o Rochaverá), prédios públicos (como a Secretaria da Fazenda) e no Porto de Santos. Um dos mais recentes, destacou, é o sistema inaugurado em agosto pelo Instituto Butantan, que utiliza gás natural para gerar energia elétrica e calor simultaneamente — com 12 MW, a usina fornece energia para o complexo do Instituto, incluindo a produção de vacinas e soros, e aproveita o calor para gerar vapor e água gelada para climatização do maior centro de produção de vacinas da América Latina.
Cantarani também mencionou que a questão da competitividade da molécula é importante para a previsibilidade dos investimentos nos projetos. “A gente sabe quão importante é o preço desse insumo para competitividade da indústria, especialmente aquelas que consomem mais o energético, seja para a matéria-prima, seja como combustível”, observou o executivo da Necta.
A questão da competitividade também foi abordada pelo moderador do painel, Lucas Simone, Head Regulatório e Institucional da Commit.
O executivo destacou que o governo federal está realizando um grande esforço para reduzir o preço do gás. Ele apontou duas iniciativas principais: a transparência dos custos na cadeia, e que a Empresa de Pesquisa Energética (EPE) tem um papel relevante em trazer transparência a esses custos; e a revisão tarifária do elo de transporte, que está em curso, que de acordo com o Ministério das Minas e Energia e apoio da EPE, estabeleceu a perspectiva de reduzir esse custo de dois dólares para um dólar por milhão de BTU.
“Se esses dois movimentos lograrem êxito, estamos falando de uma redução da tarifa final do gás de 16 dólares para 7 ou 8 dólares por milhão de BTU, o que certamente aumentaria de forma significativa a competitividade para os usuários finais de gás, em particular, da indústria”.
Painel discute perspectivas para expansão de gás, biogás e biometano
Em sua participação, o Diretor Executivo de Desenvolvimento de Novos Negócios da Veolia, José Renato Bruzadin, ressaltou que o Brasil está em uma posição privilegiada na transição energética, com uma matriz elétrica quase 90% renovável, mas observou que, ainda assim, há espaço para o crescimento da energia térmica. Para ele, a abordagem não deve ser apenas econômica, mas considerar os desafios futuros de forma global. “Tem que fazer sentido econômico, tem que fazer sentido de um ponto de vista estratégico”.
De acordo com o CEO da SoEnergy International, András Mesics, a cogeração no Brasil ainda tem baixa participação em comparação com outros países como China, Estados Unidos, Finlândia e Dinamarca. O CEO da SoEnergy enfatizou que o mundo está em transformação, com novas variáveis como data centers e mobilidade elétrica, que exigem o aproveitamento de todos os recursos disponíveis no País. “A gente precisa aproveitar melhor os recursos que a gente tem”.
Para a Carolina Reichmann Gerente Sênior de desenvolvimento de negócios da Innio Jenbacher na América Latina, apesar dos desafios logísticos e tributários, a transição energética é uma grande oportunidade, impulsionando o desenvolvimento de novos negócios devido à demanda dos clientes. A cogeração, nesse contexto, será um complemento ao sistema energético existente, e não uma substituição, visando aproximar a geração dos clientes, reduzir perdas e gerar benefícios gerais.
Na opinião do gerente de Vendas de Aplicações à Gás da Sotreq, Lucas Monteiro a energia proveniente do biogás traz benefícios para as indústrias, por ser uma geração descentralizada e próxima do ponto de consumo, que não saturam a rede de transmissão elétrica.
Fonte: EnergiaHoje
Related Posts
O que fazer com a revisão tarifária das transportadoras de gás?
A ANP realiza nesta quarta (08) audiência pública sobre os novos critérios para cálculo das tarifas de transporte de gás natural. A expectativa do regulador é que uma nova resolução seja publicada até o fim...
12ª FPSO de Búzios amplia oferta de gás para mercado brasileiro, diz presidente da Petrobras
A presidente da Petrobras, Magda Chambriard, afirmou que dar a largada na contratação do Búzios 12, justamente no dia do aniversário da Petrobras, é simbólico: mostra a força da capacidade de inovação e do...