Embora as rodadas realizadas no ano passado tragam horizonte promissor, a retomada das contratações na cadeia só deve ocorrer em 2015, prevê o Instituto Brasileiro de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (IBP).
“Para 2014, ainda vamos ter um reflexo muito pequeno da 11ª rodada e da rodada do pré-sal, pois as empresas começam a fazer primeiramente estudos e avaliações”, explica o secretário executivo de exploração e produção do IBP, Antonio Guimarães. “Será um ano com nível de demanda muito parecido com o de 2013. Provavelmente vai haver um reflexo mais forte na retomada de contratações, principalmente na área de exploração e de sondas, a partir de meados de 2015”, diz.
Realizada em maio de 2013, a 11ª rodada de licitações da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) leiloou 142 dos 289 blocos ofertados, com 30 empresas vitoriosas e investimento estimado em R$ 7 bilhões. Foram destaques no leilão bacias localizadas na margem equatorial brasileira, consideradas de fronteira exploratória.
Em outubro, foi a vez do primeiro leilão do pré-sal sob regime de partilha, no qual consórcio formado pelas empresas Petrobras, Shell, Total, CNPC e CNOOC levou o campo de Libra, com investimento mínimo estipulado em R$ 610 milhões para a fase de exploração. Por fim, em novembro, a 12ª rodada para áreas em terra com potencial para gás natural licitou 72 blocos, de 240 ofertados, dos quais 49 foram arrematados pela Petrobras. O investimento mínimo previsto é de R$ 503,522 milhões na exploração.
“O ponto alto de 2013 foi a retomada dos leilões, com três rodadas de teor distinto”, considera o executivo. “Mas o mais importante, para que se mantenha o nível de demanda e a previsibilidade para a indústria, é que haja regularidade nos leilões, que haja uma sinalização de que este não foi um movimento único”, diz.
A produção acumulada de petróleo, de janeiro a outubro do ano passado, somou 610,9 milhões de barris, queda de 2,7% em relação ao mesmo período do ano anterior. No entanto, a expectativa da Petrobras é de uma retomada da curva de produção a partir de 2014, de modo a dobrar o volume produzido até 2020.
“O ano de 2013 foi de investimento recorde, que vem como uma preparação para o futuro”, diz Guimarães. Até outubro, as 23 empresas do Grupo Petrobras investiram R$ 73,9 bilhões, montante recorde para o acumulado até o quinto bimestre desde pelo menos o ano 2000, considerados valores atualizados pela inflação. O valor também é 27% maior do que os R$ 65,1 bilhões investidos até outubro de 2012. Os dados constam do balanço de execução do orçamento de investimento das empresas estatais, relativa ao quinto bimestre de 2013, feito pelo Ministério do Planejamento.
Assim, o ano que se inicia traz grandes expectativas para a estatal. “A empresa está instalando dez novos equipamentos em 2013 e 2014, que devem permitir aumentos expressivos de volume. Além disso, a nova política de preços [de combustíveis], se efetivamente implantada, deve contribuir para reduzir as perdas com importação e aumentar a geração de caixa”, avaliou a corretora de valores Planner, em boletim divulgado na última quinta-feira (2). “Com tudo isso, a Petrobras pode ter melhores resultados neste ano”, espera a corretora.
Gás natural
Na contramão do óleo, a produção de gás natural somou 23,3 milhões de metros cúbicos até outubro, avanço de 9,4% em relação a igual período de 2012, fruto do gás associado ao pré-sal. Esse, no entanto, foi um dos poucos fatos positivos para o setor no ano passado, avalia o presidente da consultoria Gas Energy, Marco Tavares.
“Tivemos em 2013 a manutenção de um quadro de estrangulamento no setor, sem novos ofertantes oferecendo um gás mais competitivo”, diz. Assim, num ano de forte despacho térmico, não houve incremento da oferta ao setor industrial, apesar do avanço na produção. O consultor lembra que alguns consumidores industriais estão migrando para outros combustíveis – caso da Dow Química, que utilizará biomassa de madeira de eucalipto em seu complexo em Aratu (BA).
Segundo Tavares, o atraso na divulgação do plano de expansão de gasodutos (Pemat 2021), prometida pelo governo para o primeiro semestre do ano passado, reflete a falta de pressão por parte do setor privado, que não tem interesse em investir na expansão da malha, devido à estrutura monopolizada do setor de gás.
O especialista não vê mudança neste cenário no curto prazo, mas cita como iniciativa neste sentido o Projeto de Lei 6407/2013, em tramitação na Câmara dos Deputados, que propõe uma nova metodologia de precificação do gás natural. “Enquanto não houver uma mudança profunda na estrutura do setor, não conseguiremos avançar”, sentencia Tavares.
Fonte: DCI
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