A greve dos caminhoneiros ocorrida nas duas últimas semanas de maio trouxe reflexos positivos para o mercado de gás natural, com expectativa de crescimento nos próximos meses. De acordo com dados da Associação Brasileira das Empresas Distribuidoras de Gás Canalizado (Abegás), enquanto a indústria sentiu os efeitos da paralisação, os segmentos automotivo e comercial tiveram impacto positivo no consumo do energético.
O consumo de gás natural veicular (GNV) em maio 5,963 milhões de metros cúbicos diários, com crescimento de 13,86% ante igual período do ano anterior e de 1,58% em relação a abril. “A greve dos caminhoneiros foi uma sinalização da fragilidade que o Brasil apresenta na logística de abastecimento [de combustíveis]. O mercado de GNV não foi interrompido [durante a greve] porque é atendido por gasodutos”, disse o gerente de Estratégia e Competitividade da Abegás, Marcelo Mendonça.
De acordo com dados da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), o consumo de combustíveis em maio (9,894 bilhões de litros) caiu 13%, ante igual período do ano passado. Foi o pior mês de maio desde 2010 e o menor volume mensal desde fevereiro de 2012.
Segundo a entidade, os Estados que apresentaram aumento no consumo de GNV em maio, na comparação com o mês anterior, foram São Paulo (3%), Minas Gerais (6,6%), Santa Catarina (5,3%), Rio Grande do Sul (4,1%), Bahia (3,7%) e Pernambuco (10,8%).
Segundo Mendonça, a expectativa é que o aumento do consumo se repita nos próximos meses, devido ao crescimento das conversões de veículos para rodar com GNV, motivadas pela greve. A associação observou um crescimento de 60% a 70% das conversões após a paralisação dos caminhoneiros.
A mesma perspectiva, explicou ele, vale para o segmento comercial, principalmente por necessidade de shopping centers e hospitais de ter um fornecimento seguro de energético, sem correr risco de desabastecimento de diesel.
De acordo com a Abegás, a classe comercial consumiu 855 metros cúbicos diários de gás em maio, com aumento de 10,18% em relação a maio de 2017 e de 6,21% ante abril deste ano.
Como já esperado, o segmento industrial reduziu o consumo de gás em maio, devido à menor atividade provocada pela greve. Em maio, as indústrias consumiram 27,084 milhões de metros cúbicos diários, com queda de 2,63%, em relação a igual mês de 2017 e de 3,64% na comparação com abril.
No mercado total de distribuição de gás natural, porém, o segmento que mais influencia na variação de consumo é o termelétrico, devido ao acionamento intermitente das usinas a gás. Em maio, as térmicas consumiram 20,6 milhões de metros cúbicos diários, com queda de 6,87% ante igual período de 2017. Com isso o consumo total de gás canalizado do país em maio, de 59,458 milhões de metros cúbicos diários, recuou 5,35%, na mesma comparação.
Com a piora do cenário hidrológico do país, que demandou um acionamento maior de termelétricas em maio, o consumo de gás pelas usinas, em comparação com abril, cresceu 20,84%. Por esse motivo, consumo total de gás, na mesma comparação, cresceu 3,96%.
“A geração termelétrica acaba tendo um peso muito forte nos dados”, explicou Mendonça, que disse esperar consumo elevado de gás pelas térmicas nos próximos meses, devido ao período de poucas chuvas. A perspectiva do executivo está em linha com a definição da bandeira tarifária pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) para julho, no segundo patamar da cor vermelha.
Fonte: Valor Econômico
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