O presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Reive Barros dos Santos, rebateu críticas de parte do mercado de energia elétrica contra o leilão especial de contratação de novas termelétricas a gás natural no Nordeste, em estudo pelo governo.
Segundo o executivo, o leilão é “conceitualmente diferente” dos certames realizados anteriormente. Reive explicou que o leilão em estudo tem o objetivo de expandir a capacidade de potência do subsistema Nordeste, caracterizado pela forte expansão de fontes intermitentes e voláteis, como eólica e solar, e agravamento das condições hidrológicas da bacia do rio São Francisco.
“A ideia de que se estará comprando energia de forma como se comprou nos últimos 15 anos é equivocada. O sistema mudou e novas formas de expandir e contratar a oferta devem ser introduzidas”, disse ao Valor. “Com efeito, este leilão é conceitualmente diferente dos realizados anteriormente. O objetivo é expandir a capacidade de potência do sistema.”
A ideia de realização de um leilão específico para contratação de energia termelétrica a gás no Nordeste está inserida no âmbito da consulta pública aberta em 23 de outubro pelo Ministério de Minas e Energia (MME), com o intuito de discutir formas de contratação de novas térmicas nos três maiores submercados do Sistema Interligado Nacional (SIN): Sudeste/Centro-Oeste, Nordeste e Sul. De acordo com a EPE, serão acolhidas todas as contribuições ao processo para, em seguida, ser feito um relatório, o qual norteará as diretrizes para o leilão no Nordeste.
A iniciativa tem recebido críticas de parte do setor elétrico, devido ao potencial de elevação de custos com a contratação dessas usinas e que deverão ser repassados aos consumidores.
“O objetivo é a contratação de potência associada à energia de reserva. Busca-se contratar exclusivamente potência para firmar as fontes renováveis de energia cuja parcela na matriz energética passará dos atuais 14,8 mil MW [megawatts] para mais de 35 mil MW em 2027”, disse Reive, citando números previstos no Plano Decenal de Expansão de Energia (PDE) 2027, recém-divulgado pela estatal de estudos energéticos.
Segundo Reive, o leilão de contratação de potência de novas térmicas a gás associada à energia de reserva no Nordeste, assim como o leilão de transmissão previsto para 20 de dezembro, com investimentos estimados em R$ 13,5 bilhões, e os leilões de energia existente “A-1” e “A-2”, em 7 de dezembro, não podem ser adiados para o próximo ano. “São medidas importantes e que devem ser feitas para atender uma questão maior, quais sejam, a segurança no suprimento e prover a expansão do setor.”
Reive destacou ainda que estudos elaborados pelo Operador Nacional do Sistema (ONS) e da EPE recomendam ao MME a contratação de térmicas a gás para assegurar a adequada operação do SIN.
Fonte: Valor Econômico