Ao retomar o processo de venda da Liquigás, um ano após o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) vetar a venda da distribuidora para a Ultragaz, a Petrobras não descarta voltar a negociar o ativo com as líderes do mercado de gás liquefeito de petróleo (GLP), como a própria empresa do grupo Ultra, a SHV e a Nacional Gás. A estatal, no entanto, tenta abrir o leque de potenciais interessados para companhias de outros ramos, além de investidores financeiros.
Segundo uma fonte, para evitar novos questionamentos do órgão antitruste, a estatal decidiu que as principais concorrentes da Liquigás no mercado de GLP só poderão comprar a empresa da Petrobras em eventuais sociedades – e, mesmo assim, com participações limitadas.
Em fevereiro do ano passado, o Cade vetou a venda da Liquigás para a Ultragaz, do grupo Ultra, por R$ 2,8 bilhões. Depois do posicionamento do órgão antitruste, a estatal chegou a avaliar a possibilidade de uma oferta inicial de ações na bolsa, mas acabou optando, ainda na gestão Pedro Parente, por um novo processo de venda de 100% da Liquigás.
Ao definir as condicionantes impostas no processo de desinvestimentos, a Petrobras tenta abrir o leque de potenciais interessados entre investidores financeiros e empresas do setor de óleo e gás em geral. No início do processo de desinvestimento da Liquigás, em 2016, a distribuidora despertou tanto o interesse de empresas do segmento de GLP, interessadas em entrar no Brasil, como a turca Aygaz, quanto de fundos de investimentos, como o Gávea Investimentos, de Armínio Fraga.
No ano passado, após o veto do Cade, a Petrobras manteve conversas com o órgão antitruste a respeito de medidas que possam reduzir o risco de não aprovação da venda da Liquigás. Dentro das regras definidas pela estatal, para venda do ativo, a petroleira permitirá a qualificação de companhias que atuem não só na distribuição de GLP, mas também na de gás
natural ou combustíveis e na comercialização global de commodities de terceiros (tradings). As empresas interessadas, contudo, terão que ter uma receita bruta superior a US$ 100 milhões.
A Petrobras também permitirá que as líderes do mercado (com mais de 10% de participação) possam entrar como parte de oferta conjunta, desde que não comprem, individualmente, uma parcela correspondente a mais de 40% do volume de vendas da Liquigás.
A estatal também permitirá que investidores financeiros com ativos sob sua administração ou gestão de pelo menos US$ 1 bilhão participem, desde que tenham feito pelo menos um investimento na indústria de óleo e gás, infraestrutura ou logística nos últimos dez anos.
O novo formato estabelecido pela Petrobras para a venda da Liquigás, anunciado na sexta-feira, pode render à estatal cerca de R$ 2 bilhões, de acordo com estimativas de um analista de um banco de investimentos sob condição de anonimato.
Segundo a fonte, a Petrobras tem um potencial de arrecadação com o negócio de, no máximo, 70% do total que o grupo Ultra havia se proposto a pagar pela Liquigás em 2016.
Fonte: Valor Econômico
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