Nos próximos dias, a Fiat anunciará a retomada da produção de veículos movidos a GNV (gás natural veicular). Por enquanto, a montadora não comenta a decisão. Mas há uma grande expectativa na Gasmig de que a demanda por esse tipo de veículo cresça por conta dos incentivos em alguns Estados. Rio de Janeiro e São Paulo já oferecem desconto no IPVA e em Minas foi aprovada recentemente lei que isenta carros movidos a gás do pagamento desse imposto.
O primeiro modelo movido a GNV a ser lançado pela Fiat, ainda neste mês, será o Siena, um sedã que está no mercado há 20 anos e que há 13 já foi produzido na versão que aceitava gás, além de álcool, gasolina ou a mistura de ambos. Por esse motivo o veículo era chamado de “tetrafuel”. Não há informações, ainda, de como será a especificação do próximo Siena movido a gás natural.
Segundo o presidente da Gasmig, Pedro Magalhães, posteriormente, a montadora sediada em Betim (MG) vai lançar também versões dos veículos Fiorino e Strada movidos a GNV. Segundo ele, a distribuidora de gás, que é controlada pela estatal elétrica Cemig, participou das discussões sobre a lei que vai isentar o IPVA dos veículos a GNV fabricados no Estado e também de conversas com a Fiat sobre a retomada da produção desse tipo de veículo.
O gás natural é uma alternativa para quem roda muito em curtas distâncias. A Gasmig estima que o custo do GNV seja 40% menor que o da gasolina em Minas Gerais. A companhia calcula que com R$ 50 é possível rodar 195 quilômetros em um veículo movido a gás, contra 117 quilômetros em carros a gasolina.
Quando lançou a primeira versão do Siena com essa opção de combustível, a Fiat anunciou um ganho de 10% em relação à gasolina. Na primeira edição do veículo a GNV da montadora italiana um sistema de gerenciamento mudava o combustível automaticamente, do GNV para gasolina ou álcool, quando havia necessidade de torque extra – numa ultrapassagem, por exemplo.
A expectativa da Gasmig é que o novo veículo da Fiat a GNV agrade motoristas de Uber e outros aplicativos, que ganharão competitividade ao contar também com a isenção do IPVA, que já é uma realidade para os taxistas. “O motorista de aplicativo não tem isenção de nada, tendo de IPVA será um ganho”, disse Magalhães.
Segundo Magalhães, no ano passado, o GNV representava cerca de 1,5% da demanda total do gás distribuído. Com o intuito de expandir esse mercado, a companhia fez um projeto que dava uma bonificação de R$ 2 mil em gás para aqueles que fizessem a conversão dos veículos, o que permitiu o aumento da demanda para 4%. “Nossa meta é chegar a 10% de GNV em um ano”, disse o executivo.
O lançamento do veículo com GNV de fábrica deve ajudar no cumprimento da meta, segundo Magalhães. Para atender o mercado potencial, a companhia espera fazer mais investimentos e aumentar a rede de postos que oferecem o gás natural veicular. De acordo com o executivo, a região metropolitana de Belo Horizonte está bem abastecida, assim como grandes cidades de Minas Gerais como Ipatinga, Juiz de Fora e Governador Valadares. “Temos que pensar em fazer corredores saindo de Belo Horizonte para São Paulo, Ribeirão Preto, Brasília”, disse ele. O ideal é que os postos estejam conectados à rede de gasodutos, mas a Gasmig também entrega o gás usando caminhões. “Não é o ideal, mas chegamos primeiro com caminhão e depois vamos crescendo a rede de gasodutos”.
A General Motors foi a primeira montadora a produzir um modelo movido a GNV no Brasil, o Astra “multipower”, em 2004. Não houve, porém, um interesse generalizado na indústria automobilística, no país, até gora, em desenvolver projetos com esse combustível. Isso levou à proliferação de oficinas de conversão, muito procuradas por taxistas de grandes centros urbanos, como Rio e São Paulo. A conversão para gás foi também muito procurada há um ano, quando uma greve de caminhoneiros provocou desabastecimento de combustível em todo o país.
Fonte: Valor Econômico
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