A Petrobras anunciou um reajuste de 4,84% no preço médio do óleo diesel nas refinarias. Segundo o presidente da estatal, Roberto Castello Branco, o reajuste representará um aumento médio de R$ 0,10 por litro.
Em entrevista coletiva, Castello Branco disse que a Petrobras não teve nenhuma perda com a suspensão do reajuste do diesel após questionamento do presidente Jair Bolsonaro, na semana passada. Ele afirmou que as operações da empresa têm “hedge” (operações de proteção), o que evita as perdas.
O reajuste anunciado nesta quarta-feira (17) é menor do que o esperado para a semana passada, que era de 5,74%. Castello Branco explicou que o percentual baixou “porque o frete marítimo caiu” e a companhia ganhou “com operação de hedge”.
Ele afirmou que a política da empresa continuará voltada a alinhar os preços ao mercado internacional.
“Continuamos a observar rigorosamente a manutenção de preços alinhados com a paridade internacional. Nossa política é essa e vai continuar assim”, declarou.
Com o aumento de 4,84%, o valor médio do litro do diesel passará para R$ 2,2470 nas refinarias. A estatal manterá inalterado o preço médio da gasolina, em R$ 1,9354.
O valor do diesel não mudava desde 22 de março. Já o preço da gasolina permanece o mesmo desde 5 de abril.
Periodicidade dos reajustes
O presidente da Petrobras disse, ainda, que a política de preços do diesel, com periodicidade de reajustes por intervalos mínimos de 15 dias e com preços alinhados ao mercado internacional, está mantida. Segundo ele, no entanto, nada impede que a companhia mude sua periodicidade.
“No momento, não estamos estudando nenhuma mudança [na política de preços], mas não impede que amanhã venhamos a mudar. Estamos sempre buscando melhorias”, disse o executivo, durante entrevista coletiva.
Ele descartou, no entanto, a possibilidade de a companhia voltar a praticar reajustes diários.
Castello Branco também afirmou que a companhia está trabalhando dentro da paridade internacional de preços.
Questionado sobre as estimativas de consultorias sobre a defasagem dos preços da companhia, em relação ao mercado internacional, o executivo disse que a paridade de preços internacionais [PPI] “não é um valor absoluto” entre os diversos agentes do mercado.
Ele destacou também que o impacto para o consumidor deve ser menor que o reajuste anunciado de R$ 0,10 para o litro nas refinarias. “No mundo ideal, o reajuste seria de R$ 0,05 o litro para o consumidor final”, disse ele, considerando que os preços nas refinarias respondem por 54% do preço na bomba. “É de se esperar que a variação do diesel na bomba seja
menor que R$ 0,10”, completou.
Questionado sobre a situação do abastecimento de diesel no mercado brasileiro, Castello Branco disse que a condição “está normal”.
Interferência zero
Castello Branco aproveitou para dizer que o episódio da semana passada acabou tendo um final feliz porque reafirmou a independência da estatal. “Não sofri interferência nenhuma, zero”, afirmou. O executivo também disse que, em três meses à frente da empresa, não recebeu nenhum ofício demandando maior transparência. “Bolsonaro não me pediu nada, apenas alertou sobre riscos de greve”, disse o presidente da estatal.
Para o executivo, a preocupação do presidente da República é legítima. “Determinação de preços sem consideração desses riscos deu no que deu e teve um custo muito alto para Petrobras e a economia. Faz parte da minha obrigação olhar não só para retorno, como também para riscos”, completou.
Segundo Castello Branco, a palavra final sobre o reajuste de combustíveis da empresa, em caso de divergência, é dele.
Dessa maneira, disse Castello Branco, não há prejuízo para a governança da Petrobras. “Governança é para gerar valor, não para bloquear valor.”
O governo federal reafirmou o processo de venda das refinarias, reiterou o executivo. “A venda de refinarias mostrará a todos que o Brasil terá mercado de competição e que a Petrobras não sofre influência externa em suas decisões. Até agora não há razões para desacreditar as afirmações do presidente Bolsonaro. Confio muito nele”, disse o presidente da estatal.
Cartão caminhoneiro
O cartão caminhoneiro a ser oferecido pela BR Distribuidora é uma iniciativa da Petrobras e deve ser utilizado como forma de fidelizar consumidores, disse Castello Branco. O instrumento faz parte do pacote de medidas lançado na terça-feira (16) pelo governo para acalmar os ânimos dos caminhoneiros, em meio à possibilidade de uma nova greve.
“A BR Distribuidora não vai subsidiar ninguém”, afirmou o executivo, em entrevista a jornalistas.
O Valor publicou mais cedo nesta quarta-feira que a área técnica da BR já iniciou os trabalhos para desenvolver o cartão, mas a avaliação inicial é de que a implementação do projeto não é simples e traz muitas dúvidas sobre o tamanho dos custos necessários para sua viabilização, de acordo com uma fonte. Ao mesmo tempo, ainda não está claro quem assumirá eventuais perdas da distribuidora com a iniciativa.
Castello Branco também afirmou que possivelmente, no futuro, a BR “poderá entrar no mercado financeiro”.
Monopólio do gás
Na entrevista coletiva, o presidente da Petrobras informou que a companhia está buscando formas de eliminar o monopólio do gás. “Exercício de poder de monopólio restringe liberdade de escolha do consumidor”, afirmou. Além disso, segundo ele, o plano de venda de refinarias será apresentado à diretoria da Petrobras “em momento oportuno”.
Fonte: Valor Online
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