O presidente dos EUA, Donald Trump, disse ontem que está estudando a possibilidade de adotar sanções ao projeto de gasoduto de gás natural Nord Stream 2, da Rússia – que Washington já alertou as empresas europeias a evitar. Além disso, ele alertou a Alemanha sobre sua dependência em relação ao gás fornecido pela Rússia.
“Estamos protegendo a Alemanha da Rússia, e a Rússia está recebendo bilhões de dólares da Alemanha”, disse Trump à imprensa ao lado do presidente da Polônia, Andrzej Duda, na Casa Branca.
O Nord Stream 2, um gasoduto de 1.225 quilômetros de extensão para transportar gás da Rússia para a Alemanha, passando pelo mar Báltico, dobrará a capacidade do atual gasoduto Nord Stream, e sua construção dividiu a União Europeia. Países do Leste Europeu, da Escandinávia e da orla do mar Báltico veem o gasoduto como um fator que aumenta o controle econômico de Moscou sobre a Europa.
Mas muitos políticos e empresas de energia na Alemanha apoiam o Nord Stream 2 porque a maior economia da Europa necessita de abastecimento de gás, enquanto tenta se livrar da energia produzida por carvão e energia nuclear.
O Nord Stream 2 é encabeçado pela estatal russa de gás Gazprom, com 50% do financiamento fornecido pela Uniper e pela divisão Wintershall da BASF, ambas alemãs, pela anglo-holandesa Shell, a austríaca OMV e a francesa Engie.
O secretário de Energia dos EUA, Rick Perry, disse em maio que um projeto de lei de sanções que prevê vultosas restrições a empresas envolvidas no projeto, será lançado “num futuro não muito distante”.
Quaisquer sanções a empresas europeias envolvidas no projeto podem elevar o nível de atrito com países como Alemanha, Áustria e França. Perry visitou a Europa a fim de promover as exportações americanas de gás natural liquefeito (GNL) com alternativa para os europeus diversificarem suas fontes de gás para além da Rússia, que, por vezes, suspendeu as remessas de gás via Ucrânia em tempos de conflitos em torno dos preços.
O governo do ex-presidente Barack Obama também era contrário ao Nord Stream 2. Trump disse que o projeto “torna a Alemanha refém da Rússia se acontecerem coisas que sejam ruins”.
Empresas americanas de GNL fizeram negócios de longo prazo com países europeus, mas o preço costumam ser maior que o gás enviado por gasoduto da Rússia.
A Companhia Polonesa de Petróleo e Gás (PGNiG) assinou ontem acordo para comprar 1,5 milhão de toneladas de GNL ao ano da americana Venture Global LNG.
Fonte: Valor Econômico