Ao concluir ontem a compra da Transportadora Associada de Gás (TAG), a Engie estreia no mercado brasileiro de gás natural, com o objetivo de se tornar um dos agentes mais relevantes do setor, disse o presidente da companhia no Brasil, Maurício Bähr. Com o fechamento da operação, a Petrobras transferiu 90% de suas ações na TAG para a Aliança – empresa constituída pela Engie e o fundo canadense de pensão Caisse de Dépôt et Placement du Québec (CDPQ), que depositaram R$ 31,5 bilhões na conta da estatal.
Segundo Bähr, a compra da TAG permite à Engie se posicionar no mercado brasileiro de gás, num momento em que o setor passa por um “ciclo de desenvolvimento” semelhante ao vivido no mercado de energia elétrica nos anos 1990.
“Queremos ser um ‘player’ importante e que está junto no mercado para que as coisas aconteçam. Queremos ter papel relevante, dinâmico e que fomente essa abertura”, afirmou.
Bähr destacou que o interesse da Engie não se limita ao segmento de transporte e que a empresa também mira outros negócios dentro do mercado de gás. “Vamos trabalhar em outras oportunidades, como a distribuição, a estocagem e o biogás”, disse.
Além do valor pago diretamente pela Aliança à Petrobras, mais R$ 2 bilhões foram destinados à liquidação de uma dívida da TAG com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). O negócio foi estruturado com 30% de capital próprio e 70% de financiamento junto a um pool de dez bancos (Bradesco, Itaú e Banco do Brasil, Credit Agricole, BNP Paribas, ING, Mitsubishi, Mitsui, Société Générale e Sumitomo). Para o executivo, o apoio dessas instituições é um sinal “muito positivo” para o país.
“Esses bancos não só emprestaram dinheiro, mas em modalidade de financiamento que não tem garantias adicionais além do próprio projeto. É um marco de um acordo grande e que sustenta por si próprio. O Brasil goza dessa credibilidade nesse momento, de aceitar que esse dinheiro seja colocado em um negócio sem as garantias usuais, como garantias corporativas dos sócios. É um project finance que demonstra o interesse dos bancos de entrar investindo a longo prazo e nesses volumes”, disse.
O fechamento da operação estava previsto inicialmente para 31 de maio, mas foi adiado por força de uma liminar do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Edson Fachin. A cautelar, no entanto, foi derrubada na semana passada, após a Corte decidir que subsidiárias de estatais podem ser vendidas sem aval do Poder Legislativo ou necessidade de licitação.
“Culminou com um aval do STF, que foi algo muito positivo. Dá robustez e segurança necessária que transação passou por 1,5 ano de negociação, com crivo do TCU [Tribunal de Contas da União], e que foi coroada com aprovação do Supremo mostrando que está tudo dentro da normalidade”, disse Bähr.
A TAG passa a ser comandada a partir de hoje pelo engenheiro Gustavo Labanca, então diretor de desenvolvimento de negócios da Engie Brasil. De olho em novas oportunidades de negócios no Brasil, Bähr conta que já a partir de hoje a empresa passará a se concentrar na defesa de uma mudança da regulação que veda a participação de empresas de serviços públicos de energia elétrica no segmento de distribuição de gás. “Isso não faz sentido”, afirma.
Questionado se a Engie tem interesse de participar de eventuais privatizações de distribuidoras estaduais de gás canalizado, Bähr disse que o negócio atrai o interesse porque permitiria à companhia “ter uma conexão direta com os clientes”. Ele afirmou ainda que também acompanha de perto os desdobramentos da discussão sobre a abertura do mercado de gás.
O executivo destacou a importância de se manter o respeito aos contratos e que vê como positiva a proposta do governo de abrir a capacidade ociosa dos gasodutos existentes. “Seria uma oportunidade de diversificação [de clientes para seus gasodutos]”, disse.
A TAG será operada agora pela Engie (58,5%), CDPQ (31,5%) e Petrobras (10%). Os sócios asseguraram direito de preferência caso a estatal coloque à venda sua fatia remanescente.
Fonte: Valor Econômico
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