Foi encerrada a primeira rodada de manifestação de interesse por contratação de capacidade no Gasoduto Brasil-Bolívia e houve um descasamento entre a demanda na entrada e na saída do gasoduto da TBG para 2020. Enquanto a demanda de entrada para o ano que vem foi de 11,8 milhões de m3/d, a demanda de saída foi de 18,94 milhões de m3/d.
Segundo a TBG, o processo prevê a independência entre a contratação de entrada e a de saída e por isso, “os valores podem não coincidir, o que não é indicação de qualquer inconsistência no processo”.
A transportadora explica que cumprirá as solicitações de transporte, e que a execução do serviço será realizada apenas mediante o equilíbrio prévio do par ordenado de injeção e retirada solicitado pelos contratantes a cada dia operacional.
A fase de manifestação de interesse é uma etapa não vinculante, apenas para identificar as demandas potenciais do mercado. “Apenas a partir da Etapa de Proposta Garantida, o carregador compromete-se a seguir no processo em cada Rodada, sob pena de ter sua garantia financeira, apresentada previamente à esta Etapa, executada”.
“Essa chamada vai ser um aprendizado para a ANP, em termos regulatórios, e servirá também para avaliar o apetite das empresas”, observa o economista Carlos Langoni, um dos idealizadores do Programa Novo Mercado de Gás.
Langoni avalia que a demanda por capacidade de transporte ainda é limitada pelos contratos legados da Petrobras. “Ainda que a transição seja mais lenta, é preciso manter o respeito aos contratos. O espaço para novos atores e o aumento de capacidade disponível virão à medida que esses contratos forem se encerrando”, diz.
Paulínia
Para 2020, não houve interesse na contratação de capacidade de entrada na Estação de Medição Gascar, em Paulínia (SP). Toda a capacidade demandada pelos seis carregadores que manifestaram interesse foi alocada em Corumbá (MS). “A entrada de gás no TBG via Paulínia continuará a ser atendida pela Petrobras”, observa Rivaldo Moreira Neto, diretor-executivo da consultoria Gas Energy.
A entrada do Gasbol por Paulínia só tem demanda prevista a partir de 2022. O ponto é estratégico, pois faz conexão com a rede da NTS, rota para a interiorização do gás produzido no pré-sal. “A oferta vai aumentar a partir do segundo semestre de 2020, quando os produtores terão de colocar de 12 a 13 milhões de m3/d que não poderão ser vendidos para a Petrobras. Sem falar na oferta da Bolívia, e, no longo prazo, da Argentina”, comenta Langoni.
Moreira Neto, por sua vez, lembra que o vencimento de um contrato de 6 milhões de m3/d da Petrobras com a Bolívia em 2021 deve aumentar a capacidade disponível nos gasodutos, abrindo espaço para novos competidores nas próximas chamadas. “A Petrobras tem hoje uma vantagem de poder se posicionar antes dos outros concorrentes”, avalia.
O consultor não acredita, no entanto, que a empresa congestionará os dutos, inviabilizando a abertura de mercado. “No mínimo, outros players que hoje produzem gás no pré-sal podem pedir aumento de capacidade às transportadoras, ou a ANP pode usar a regulação para forçar a Petrobras a abrir mão da capacidade de transporte, se ela não estiver utilizando”, diz Rivaldo.
Fonte: Brasil Energia
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