De olho nas perspectivas de maior oferta futura de gás natural, uma nova solução, da empresa chinesa Weichai, de motores acionados diretamente por gás, começa a substituir motores elétricos, em uma primeira fase no setor de saneamento, mas com potencial de uso também na indústria.
A primeira experiência ocorre na Estação Elevatória de Água da Vila Alpina, em São Paulo, da companhia estadual de saneamento, a Sabesp. Participam do projeto a Jordão Engenharia, consultoria especializada em eficiência energética, e a GTM Equipamentos, de São Paulo, representante local que fornece os motores a gás da Weichai, denominado Fluxus.
A estação da Vila Alpina, que atende 19 mil ligações de água, conta com três conjuntos de motobomba. Um deles, de 90 kW, passou a utilizar o sistema com motor a gás natural – combustível fornecido pela rede da concessionária, a Comgás – para acionar a bomba centrífuga. A estação é responsável pelo bombeamento de vazões entre 180 litros a 280 litros por segundo.
Substituindo todo o sistema da bomba com acionamento convencional, que inclui rede elétrica, transformador, painel, inversor e motor elétrico, o sistema Fluxus só demanda modificação no acoplamento da bomba de recalque para receber o novo combustível. Além disso, o motor chinês é resfriado a água, ao contrário do motor elétrico, a ar.
Além da segurança energética, possível por conta da rede de gasodutos da Comgás na região metropolitana de São Paulo, segundo o diretor técnico da GTM, Guilherme Pinca, o sistema também garante menor custo de energia e maior rendimento. Isso porque o gás é injetado diretamente no motor, sem perda de energia útil, ao contrário do conjunto de motobomba elétrico, que registra perda na forma de calor dissipado pelo motor e componentes intermediários.
Para provar a economia de energia e a redução de custos, estão sendo realizados cálculos comparativos com o sistema elétrico a partir de metodologia do Protocolo Internacional de Medição e Verificação de Performance, da Efficiency Valuation Organization. A estimativa é que o motor a gás garanta redução de custo operacional de até 50% no horário de ponta e de 10% fora do horário de ponta.
Outras vantagens, segundo Pinca, são o fato de o sistema a gás ocupar menor área e, em caso de rara falha do abastecimento de gás natural, poder ter seu suprimento garantido por gás natural comprimido.
A Sabesp pretende expandir a experiência piloto para outras instalações, como contingência ou uso no horário de ponta, substituindo geradores a diesel, e em conjunto com outros motores elétricos, mas também como solução única em algumas elevatórias com o propósito de diversificar sua matriz energética para uma operação de menor custo de energia.
Segundo Guilherme Pinca, a GTM participa de outros projetos na região metropolitana de São Paulo, sendo que em um deles o sistema a gás fará a repotenciação das bombas antes paradas por indisponibilidade de energia elétrica.
Fonte: Energia Hoje
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