De olho no processo de abertura do mercado de gás natural do país, o grupo Delta Energia pretende retomar no segundo semestre de 2020 a operação comercial da termelétrica a gás William Arjona, em Campo Grande (MS), recém-adquirida da Engie (antiga Tractebel Energia). A usina também marca a entrada do grupo especializado em comercialização de energia no setor de geração. há 36 minutos
A compra da termelétrica começou a ser negociada entre as partes no fim de 2017, meses antes do cancelamento da outorga da usina, em comum acordo entre Engie e a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), devido à inviabilidade econômica do projeto causada pelo elevado valor do combustível. Com a abertura do mercado de gás em curso e a perspectiva de entrada de novos fornecedores do energético no país, a Delta concluiu a compra da usina em setembro deste ano.
O valor do negócio não foi informado. A usina possui 190 megawatts (MW) de capacidade instalada e pode operar com gás natural ou óleo diesel. O consumo da térmica é da ordem de 1,2 milhão de metros cúbicos diários de gás.
Segundo Luiz Fernando Vianna, presidente da Delta Energia Asset Management, gestora de recursos do grupo Delta, a companhia está neste momento iniciando tratativas com a Aneel para viabilizar a nova outorga da usina e fazendo uma revisão dos equipamentos da térmica. Em paralelo, foram iniciadas negociações com potenciais fornecedores de gás natural.
Questionado se a crise política na Bolívia pode interferir no processo de contratação do energético, o executivo disse que a situação no país vizinho influencia a negociação, mas que acredita em um desfecho positivo. “É do interesse deles [da Bolívia em exportar gás para o Brasil]. Não acredito que eles façam algum óbice para a contração [do gás]”, afirmou Vianna, que é ex-diretor-geral da parte brasileira de Itaipu e ex-presidente da elétrica paranaense Copel.
Até a renúncia do ex-presidente da Bolívia Evo Morales, algumas empresas brasileiras estavam negociando com a estatal daquele país, a YPFB, a compra de gás para vender no mercado brasileiro, já no âmbito da abertura do setor no Brasil.
Além de contratar o fornecedor do gás, a Delta Geração, geradora recém-criada pelo grupo Delta e presidida por Marconi de Araújo, precisa negociar o transporte e a distribuição do produto.
“Estamos em contato com a MSGás [distribuidora de gás natural do Mato Grosso do Sul]”, disse Vianna. Segundo o executivo, o Mato Grosso do Sul será duplamente beneficiado com a retomada da operação da usina. O primeiro benefício é a receita que será gerada pela MSGás. O outro é a arrecadação de ICMS com a geração de energia da térmica.
A Delta também está avaliando a estratégia de comercialização da energia da termelétrica. A ideia inicial, explicou Vianna, seria operar a usina como uma termelétrica “merchant”, que negocia contratos de curto prazo. No entanto, com a decisão recente do governo de realizar em março um leilão de energia existente voltado para termelétricas, a companhia estuda a possibilidade de negociar um contrato de longo prazo para a usina.
O leilão de março será dividido em um certame “A-4” e outro “A-5”, que contratarão energia de térmicas para o início de fornecimento, respectivamente, em quatro (2024) e cinco anos à frente (2025). Essas térmicas substituirão um conjunto de usinas a óleo combustível que serão descontratadas entre 2023 e 2025.
Fonte: Valor Econômico