A Petrobras está otimista em fechar ainda este ano os termos e condições do aditivo para extensão do contrato de importação de gás natural da Bolívia, disse a diretora de refino e gás da estatal brasileira, Anelise Lara. Segundo ela, a expectativa é que o aditivo seja assinado no primeiro trimestre de 2020.
A intenção da empresa é reduzir o compromisso de importação para, no máximo, 20 milhões de metros cúbicos diários de gás. O contrato vigente permite a compra de 30 milhões de m3/dia.
Anelise afirmou que se reuniu ontem com o ministro de Hidrocarbonetos da Bolívia, Víctor Hugo Zamora, que faz parte da equipe do governo de transição do país vizinho. Segundo ela, as conversas foram positivas.
“Tivemos uma boa discussão. A equipe de transição [do governo boliviano] está muito interessada em fechar o acordo com a Petrobras. Eles reconhecem a importância desse contrato com a Petrobras para a economia da Bolívia e querem manter uma boa relação”, disse a executiva, após participar de cerimônia da “SPE Award 2019: Prêmio de Excelência técnica e Profissional da Indústria”, no Rio de Janeiro.
“Manifestamos uma certa preocupação por se tratar de uma equipe de transição, mas o ministro colocou que isso não é uma questão de governo, é uma questão de Estado. E que os eventuais candidatos à presidência da Bolívia iriam endossar qualquer negociação que fizéssemos. Estamos otimistas de fechar”, completou ela.
Ela explicou que não haverá mudanças nos preços da molécula de gás importada. O contrato original com a Bolívia vence no fim deste ano. A Petrobras e os bolivianos negociam neste momento a assinatura de um aditivo para que a estatal brasileira retire, pelos próximos anos, os volumes de gás contratados originalmente, mas não retirados ao longo dos últimos 20 anos. Só a partir dessa retirada integral dos volumes residuais é que a companhia fechará um novo contrato com os bolivianos.
Segundo a executiva, a expectativa é que a estatal ainda leve três anos para consumir todo esse volume residual.
Anelise comentou, ainda, sobre os questionamentos do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), que suspendeu a chamada pública para contratação da capacidade do gasoduto Bolívia-Brasil (Gasbol). O órgão antitruste viu na participação da estatal indicativos de descumprimento do Termo de Compromisso de Cessação (TCC) assinado pela petroleira e que previa a redução da participação da empresa no mercado.
A executiva disse que vem mantendo conversas com o Cade e que o assunto está avançando. Ela alegou que a intenção da companhia, de reduzir para até 20 milhões de m3/dia o volume de importação da Bolívia, representa a liberação de uma capacidade de 10 milhões de m3/dia no gasoduto para uso de terceiros. “Estamos mantendo firme o nosso compromisso”, disse.
Fonte: Valor Online
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