Após um período forte de retração, as empresas que produzem e instalam kits automotivos de GNV (gás natural veicular) voltam a registrar crescimento nas conversões.
É mais um indicativo da retomada econômica, apesar dos tropeços.
Depois de passar meses sem produzir devido à pandemia, a fabricante de cilindros MAT tem registrado crescimento. Foram produzidos 4.000 componentes em outubro, número que deve subir 20% em novembro e chegar a 5.800 unidades em dezembro.
Carros movidos a GNV são, em geral, utilizados por taxistas e motoristas de aplicativo. Em alguns estados, como no Rio de Janeiro, a redução do gasto com combustível e os benefícios tributários compensam o maior desgaste do automóvel.
Em novembro, o preço médio do litro da gasolina comum no mercado nacional está em R$ 4,40. O metro cúbico do gás natural veicular custa, em média, R$ 2,97. Os dados são da ANP.
Em um teste pelo trânsito urbano de São Paulo, um Grand Siena equipado com kit GNV homologado pela Fiat percorreu, em média, 8,5 quilômetros consumindo um metro cúbico de GNV, o que equivale a R$ 0,34 por km rodado.
Com um litro de gasolina, foi possível rodar aproximadamente 11 quilômetros na mesma condição, o que significa um custo de R$ 0,40 por km percorrido.
A vantagem do GNV foi similar na comparação de consumo com etanol –o Siena pode rodar com os três combustíveis. Com álcool no tanque, o Fiat fez a média de 8,2 km/l na cidade a um custo de R$ 0,38 por litro.
O kit usado no Siena é o de quinta geração, tem injeção multiponto de GNV e custa entre R$ 4.500 e R$ 5.000.
O porta-malas fica comprometido pelos dois cilindros de 7,5 m³ cada e há uma queda perceptível no desempenho. O motor 1.4 Fire flex (88 cv) perde cerca de 10% da potência quando está queimando gás.
No passado, outros modelos chegaram a ser vendidos com equipamentos homologados pelas montadoras. O sistema de GNV com garantia de fábrica já esteve disponível para modelos como Chevrolet Astra, Ford Ranger e Volkswagen Santana. O uso profissional sempre foi o foco.
Hoje, além da Fiat, a Toyota também oferece preparação para instalação do gás no sedã Etios.
O gás natural surge agora como alternativa para o transporte de cargas.
A Scania produz caminhões rodoviários movidos a GNV. Empresas como a Pepsico, a Citrosuco e a Friboi já utilizam esses modelos em suas frotas. De acordo com a fabricante, há redução de 15% nas emissões de gás carbônico quando comparado a um caminhão de mesmo porte movido a diesel.
O gás natural é também uma alternativa menos poluente em comparação à gasolina, mas os custos envolvidos só se justificam para quem roda muito por ano e, no caso dos carros de passeio, pode renunciar ao espaço no porta-malas. O uso profissional é, de fato, o mais indicado.
Fonte: Folha de S.Paulo / blog Eduardo Sodré