
Nasci e cresci em Curitiba. Na infância, como a rotina de trabalho da minha mãe era em período integral, aprendi a estudar, organizar, brincar e até cozinhar, tudo ao mesmo tempo!
Considero que essa dinâmica me ajuda demais até hoje. Comecei trabalhar aos 16 anos, num estágio do curso técnico de administração de empresas. Não parei mais. Concluí meu curso de Direito aos 26 anos e estudo continuamente porque é necessário, mas também porque adoro.
Minha história com a Compagas começou em 2003, quando fiz um estágio na companhia, durante a faculdade de Direito. Eu adorava o ambiente interno e o ambiente de negócios, os contratos, os assuntos concorrenciais, as questões de suprimento. Em 2008, fiz o concurso para advogada. Acabei sendo convocada e assumi o cargo em 2012. Sentia que tinha muito a aprender numa empresa que trabalha com energia.
Assumi o cargo de advogada, trabalhando inicialmente com consultoria preventiva em licitações, contratos administrativos, assuntos comerciais, de pessoal etc. Ao longo de oito anos de carreira na companhia assumi as funções de Assessora da Presidência, Gerente Jurídica, Gerente de Governança, Risco e Compliance e, agora, atuo como Gerente de Regulação.
Trabalhar na Compagas, na função atual e nas anteriores, sem dúvida, representa, além da conquista profissional, uma importante conquista como mulher.
Somos quase uma empresa de engenharia, um ambiente bastante masculino, e considero que diversificar esse ambiente com a voz da mulher tem um papel significativo.
De um modo geral, o relacionamento é excelente. Temos um ambiente saudável e respeitoso na companhia. Nos relacionamentos profissionais externos, também não vivi preconceito.
Acredito que, enquanto sociedade, ainda nos restam desafios a serem superados, como as históricas diferenças salariais entre homens e mulheres que ocupam as mesmas posições de trabalho, as dificuldades que as mulheres enfrentam para ascender a postos de trabalho melhor valorizados socialmente, as desigualdades na distribuição dos afazeres domésticos entre os sexos.
O reconhecimento dos homens existe e, às vezes, a única percepção diferenciada em relação ao reconhecimento das mulheres é o tom de desconfiança, seguido de surpresa, que os homens empregam – por vezes, natural e sutilmente – em situações de autonomia, liderança e bons resultados vindos de uma mulher.
Ao longo desses anos na Compagas, participei de muitos projetos desafiadores e com grande satisfação pessoal. São bons exemplos as negociações envolvendo contratos de suprimento, a adequação da companhia à Lei das Estatais e as questões relativas à concessão.
Meus desafios, agora, estão nas discussões para separação/definição dos papéis dos agentes da indústria do gás, visando ao novo mercado. Esses debates têm propiciado às distribuidoras encontrar sua identidade enquanto prestadoras de serviço, profissionalizar os processos, conhecer as operações e priorizá-las, de forma a otimizar o resultado do negócio.
Nesse cenário, me trazem entusiasmo os projetos que visam de algum modo contribuir para o atingimento da perspectiva conjuntural positiva de desenvolvimento do mercado de gás natural no Brasil. Devido ao meu histórico de atuação e à posição que ocupo hoje, o foco está nos desafios da regulação.
O setor de gás está em crescimento e oferece oportunidades. Para as mulheres que estejam no início da vida corporativa e almejem ocupar posições estratégicas, digo que as adversidades que inevitavelmente irão encontrar são mais facilmente superadas quando você se especializa, trabalha duro e está confiante de fazer a sua parte da melhor maneira possível.
* Elisangela Prestes, 41 anos, é formada em Direito pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR), com especialização em Direito Civil e Processo Civil pelo Centro de Estudos Jurídicos Prof. Luiz Carlos S. de Oliveira (CEJLC) e MBA em Gestão Estratégica e Econômica dos Negócios (ISAE-FGV). Iniciou sua carreira como advogada, foi Assessora da Presidência, Gerente Jurídica, Gerente de Governança, Risco e Compliance e, agora, atua com os assuntos ligados à regulação.