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Abertura do setor de óleo e gás aquece ofertas na bolsa

O aquecimento das aquisições de campos de óleo e gás, impulsionado pelos desinvestimentos da Petrobras — embora não somente por ela —, tem movimentado o mercado de capitais. Em cinco meses, a PetroRio e a 3R Petroleum, ambas especializadas na revitalização de campos maduros, levantaram cerca de R$ 3,5 bilhões com a oferta de ações na bolsa, como estratégia de financiamento de investimentos e de compras de mais ativos. A expectativa é que os números cresçam ainda mais, caso a PetroRecôncavo avance com os planos de abrir seu capital.

Além das petroleiras especializadas em campos maduros, empresas da cadeia de infraestrutura do setor de óleo e gás também acenam para a possibilidade de abertura de capital (IPO, na sigla em inglês), como forma de sustentarem os planos de expansão desenhados no contexto da abertura do refino e da indústria de gás natural. Este é o caso da Açu Petróleo e da Compass (Cosan), que chegaram a anunciar IPOs em 2020, mas recuaram diante da deterioração das condições de mercado e aguardam um momento mais oportuno para retomar as operações. A Gas Bridge também cogita seguir a mesma tendência no futuro.

cadeia de infraestrutura do setor de óleo e gás também acenam para a possibilidade de abertura de capital (IPO, na sigla em inglês), como forma de sustentarem os planos de expansão desenhados no contexto da abertura do refino e da indústria de gás natural. Este é o caso da Açu Petróleo e da Compass (Cosan), que chegaram a anunciar IPOs em 2020, mas recuaram diante da deterioração das condições de mercado e aguardam um momento mais oportuno para retomar as operações. A Gas Bridge também cogita seguir a mesma tendência no futuro.

A oferta mais recente, no mercado, foi realizada na semana passada pela 3R Petroleum. Depois de levantar R$ 690 milhões em seu IPO, em novembro de 2020, a companhia fez uma nova captação, por meio de uma oferta subsequente (“follow-on”), dessa vez no valor de R$ 823 milhões. A liquidação deve ocorrer na segunda-feira, 5 de abril.

A ideia da 3R é usar os recursos para pagar parte dos valores devidos à Petrobras. A empresa já assinou seis contratos para compra de ativos da estatal, num valor total de US$ 599 milhões — dos quais US$ 383 milhões ainda precisam ser pagos. O diretor financeiro da empresa, Rodrigo Pizarro, conta que o follow-on também permitirá à 3R otimizar a estrutura de capital

e ampliar a capacidade para novas aquisições. A oferta primária da semana passada atraiu fundos de investimento e gestoras de patrimônios familiares brasileiros, americanos e do Oriente Médio. Os estrangeiros responderam por mais de 35% da demanda.

“Essa injeção de capital adicional permitirá que a 3R fortaleça os pilares do seu plano de negócios: crescimento orgânico, a partir do redesenvolvimento do portfólio atual; e inorgânico, ao se tornar um importante consolidador de ativos maduros em terra e em mar, ampliando a escala, sinergias e eficiência operacional”, disse Pizarro.

A abertura de capital da 3R é um marco. O IPO da companhia, em 2020, foi o primeiro realizado por uma petroleira privada em nove anos no Brasil.

OGX (2008), HRT (2010) e a Queiroz Galvão Exploração e Produção (2011) fazem parte da última geração. Depois delas, a janela se fechou, em meio à queda dos preços do petróleo, recessões econômicas e crises de credibilidade envolvendo a OGX e HRT.

O humor do mercado, contudo, mudou com as novas oportunidades de aquisições disponibilizadas pela Petrobras. Tanto que a PetroRecôncavo, que atua há cerca de 20 anos na recuperação de campos maduros, passou a enxergar agora uma oportunidade para o seu IPO e protocolou um pedido de abertura de capital junto à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), em fevereiro. A empresa tem como um de seus sócios o Opportunity, de Daniel Dantas, e decidiu seguir os passos da 3R. O plano da empresa é usar 55% da captação do IPO para pagar a Petrobras pelas aquisições em curso; 35% para potenciais novas compras; e 10% para o caixa.

O analista da Ativa Investimentos, Ilan Arbetman, não acredita que a nova gestão da Petrobras fará “mudanças bruscas” nos desinvestimentos de campos maduros. Mesmo diante do cenário de transição energética, ele crê que ofertas de ações de petroleiras continuarão tendo espaço no Brasil.

“Existe um nível de atratividade, em função do quão negligenciados esses campos foram no passado”.

Segundo o analista, as incertezas sobre o perfil da nova gestão da Petrobras também contribuem para despertar o interesse de acionistas por “teses de investimento alternativas” no curto prazo. “É possível uma migração intrasetorial [de investidores], sim”, disse.

Arbetman lembra, contudo, que cada empresa tem seu próprio plano de negócios, com capacidades de atrair em maior ou menor grau a atenção de investidores. Enquanto a 3R e PetroRecôncavo focam nos ativos onshore da Petrobras, a PetroRio, embora especializada em campos maduros, fez aquisições junto a outras petroleiras e investirá também em projetos greenfield, como Wahoo, no pré-sal. Por meio de um follow-on, a empresa captou R$ 2 bilhões, em janeiro, para antecipar investimentos e suportar novas compras.

O analista também vê “diferenças consideráveis” nas teses de investimentos do IPO de empresas como a Compass e Gas Bridge frente às petroleiras especializadas em campos maduros. “Vai levar mais tempo para que investidores tenham confiança e segurança jurídica para avançar nessa pauta [da abertura do gás]”, comentou.

No caso da Açu Petróleo, o presidente, Victor Bomfim, conta que o IPO deve ocorrer em 12 meses. “Todos os planos de investimento estão mantidos e reforçados para 2021”, disse, em referência à construção do parque de tancagem.

Fonte: Valor Online

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