A abertura do mercado de gás natural no Brasil começa a ganhar contornos mais nítidos. O lançamento da primeira chamada pública de capacidade de transporte da NTS aumenta significativamente o leque potencial de fornecedores no mercado brasileiro a partir de 2022. Até o final de abril, a ANP deve divulgar o volume de capacidade disponível na rede da transportadora, que atende os estados da Região Sudeste, atendendo cerca de 50% do mercado de gás natural do país.
Com uma rede localizada em posição estratégica, a NTS poderá, a partir da chamada pública, conectar ofertas de produtores de gás do pré-sal e de importadores de GNL, à malha interligada de gasodutos, para fornecimento a partir de 2022. Segundo Edson Real, diretor comercial e regulatório da NTS, o interesse do mercado é grande e a empresa tem recebido grande número de consultas sobre o processo.
Mas, apesar da grande expectativa em torno da primeira chamada da NTS, ela é apenas mais um passo no caminho da abertura de mercado. Em 2022, a NTS deve lançar em conjunto com a TBG, a primeira chamada pública integrada de transporte do país. Com isso, seria possível aumentar ainda mais o leque de supridores, incluindo a oferta de gás proveniente da Bolívia e estendendo o mercado potencial a todo o Centro-Sul do país.
O terceiro passo seria a integração de oferta com a TAG. Nesse momento, a NTS discute com a transportadora e com a ANP, a regulação para interconexão física entre as duas redes. “Hoje, a conexão entre o Gasduc (NTS) e o Gascav (TAG), se dá por meio das instalações da Petrobras em Cabiúnas”, explica Real. A ideia é conectar diretamente os dois gasodutos por meio de um contorno de 1 Km, ao redor do Polo de Cabiúnas.
Animada com o potencial de crescimento do mercado, a NTS também lançou uma chamada pública incremental, visando mapear demandas adicionais em sua rede. Com isso, a empresa pretende direcionar seus investimentos de expansão, o que pode incluir não apenas a instalação de novos ramais, mas também a criação de novos pontos de entrega e recebimento de gás, ou a expansão de capacidade dos pontos existentes.
Real observa que será preciso analisar detalhadamente essa demanda para saber quais delas efetivamente representam volumes adicionais na rede. “Parte da demanda pode vir de consumidores livres, hoje atendidos por distribuidoras, que não representariam necessariamente volumes novos para a malha de transporte”, explica.
Além disso, a transportadora aposta fortemente no crescimento da oferta de gás, a partir da conclusão do gasoduto de escoamento Rota 3. Desde dezembro do ano passado, a NTS já possui autorização para a construção do Gasig, um gasoduto de 11 Km, com dutos de 24 polegadas e capacidade para 18,2 milhões de m³/dia conectando o Polo Gaslub, em Itaboraí, até o Gasduc III, em Guapimirim, com entrada em operação prevista a partir de 2023.
Real acredita que o modelo de outorga de gasodutos por meio de autorização, previsto na Nova Lei do Gás, aprovada em março, permitirá agilizar os investimentos na expansão da malha de transportes. “A lei tem o melhor texto possível, negociado com todos os agentes do mercado de gás, e dá à ANP os instrumentos necessários para regular esse mercado”, avalia. O modelo de contratação de transporte por entrada e saída, consagrado na lei, por sua vez, dá ao mercado mais liquidez. “É uma regulação importada do mercado europeu e que garante um leque maior de fornecedores e de clientes, que podem negociar as soluções mais adequadas a cada perfil de operação ou de consumo”, afirma o diretor da NTS.
À medida que o mercado evolua, no entanto, Real aponta a necessidade de criação de um código comum de rede entre as transportadoras, e da criação de um Gestor de Área de Mercado para o transporte integrado de gás. Segundo o diretor da NTS, esse gestor seria como um síndico da malha interligada de gasodutos. “A operação da rede continua com as transportadoras, mas ele seria responsável por coordenar ações, supervisionar eventuais desbalanceamentos e propor medidas à ANP”, explica. “Com a integração das malhas, a figura desse Gestor de Mercado será necessária em breve”, conclui.
Fonte: EnergiaHoje
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