Em reportagem especial de duas páginas, o Estadão afirma que o Brasil tem enorme potencial com as possibilidades abertas a partir da descarbonização da economia. Além de falar do HVO (diesel verde), a matéria destaca o etanol de segunda geração (E2G). A Raízen, por exemplo, fabrica E2G em Piracicaba (SP) desde 2015 e, agora, está construindo sua segunda unidade do produto em Guariba (SP), que terá o dobro de capacidade da primeira. Como é produzido a partir de resíduos (palha e bagaço da cana-de-açúcar) da fabricação do etanol tradicional, o E2G não aumenta a necessidade de cultivo de cana. O vice-presidente comercial, de logística e distribuição da Raízen, Leonardo Pontes, destaca que o novo combustível é altamente atrativo, sobretudo na Europa, onde a produção de matéria-prima para biocombustíveis disputa espaço com a de alimentos. A Raízen aposta tanto no E2G que promete ter 18 usinas capazes de fabricá-lo nos próximos dez anos. O projeto demandará um aporte de R$ 10 bilhões a R$ 12 bilhões. Para alguns, no entanto, o investimento parece exagerado.
O consultor dinamarquês Soren Jensen faz parte do grupo de céticos em relação ao aumento da demanda por biocombustíveis. Para ele, a procura pelo etanol no Brasil deve crescer pouco até 2030 e, depois, recuar. No cenário moderado, a queda seria de 40% entre 2030 e 2040; no pior, de 60%. Na visão de Jensen, o etanol – de segunda ou primeira geração – não conseguirá competir com a eletricidade, que deverá ser a opção número um em todo o mundo para o setor automobilístico. “O Brasil é o único país que tem distribuição de etanol puro. Nos outros, ele é misturado à gasolina. O País vai manter um sistema de etanol sendo que o mundo todo, principalmente o economicamente desenvolvido, vai para o elétrico? Acho difícil conseguir ficar ilhado assim”. O executivo da Raízen, no entanto, lembra que vários países estão aumentando a quantidade de biocombustível que deve ser misturada à gasolina. A Índia, por exemplo, antecipou em dois anos a data prevista para a elevação da mistura do etanol para 20%, passando o prazo de 2025 para 2023.
Fonte: O Estado de S.Paulo
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