A minuta do Plano Decenal de Energia (PDE 2031), cuja minuta foi colocada em consulta pública nesta segunda-feira (24), por meio de portaria publicada no Diário Oficial da União, estima crescimento de 4,9% ao ano na participação do consumo do gás natural da matriz energética brasileira. No final do decênio, iniciado em 2022, o gás representará 8,8% do consumo final, sustentado, principalmente, pela indústria e pelo setor energético. Hoje, sua participação na matriz do país é de 7%.
Em relação à demanda de gás natural, as projeções da EPE apontam para um volume total de 133 milhões de m³/dia em 2031, o que não significa crescimento contínuo. Ao contrário, o desempenho ao longo do decênio será desigual. Os 94 milhões de m³/dia de consumo em 2021 podem cair para 86 milhões de m³/dia em 2025. A demanda máxima poderá passar por redução de cerca de 10% entre 2023 e 2025 devido ao término de contrato de termelétricas e ao tempo necessário para a entrada de novas usinas em operação. A retomada a partir de 2025 está associada a recontratações ou à contratação de novas térmicas mais eficientes.
Já quanto à oferta de gás natural no decênio, o PDE 2031 estimou que a produção proveniente apenas da categoria de reservas alcançará os maiores volumes em 2028, com cerca de 195 milhões de m³/dia. A partir daí, haverá um declínio suave até 2031, compensado pela produção dos recursos contingentes e não descobertos. As maiores contribuições estão associadas às bacias de Santos, Campos, Sergipe-Alagoas, Solimões, Potiguar e Parnaíba. A produção de petróleo atingirá 5,2 milhões de barris por dia em 2031, volume 80% superior ao obtido em 2020.
Em relação à produção líquida de gás natural projetada, o volume poderá atingir 136 milhões de m3/dia em 2031, ante os 64 milhões de m³/dia de 2021. Apesar do aumento em termos absolutos, as estimativas indicam que o gás natural disponível para o mercado consumidor permanece abaixo do alto potencial da produção bruta brasileira.
Conforme a EPE, a previsão da produção líquida de gás natural para o ano de 2031 equivale a 49% da produção bruta, considerando-se todas as categorias de recursos. Para o pré-sal da Bacia de Santos, o percentual é ainda menor, de 28% da previsão da produção bruta de referência. A justificativa está na utilização de plataformas com alta demanda energética, incorrendo em aumento significativo no uso do gás como combustível, embora o principal fator de redução da produção bruta, de acordo com a EPE, continue sendo a reinjeção.
Os números relativos à produção líquida, entretanto, podem ser superiores, chegando a 149 milhões de m³/dia, caso o Novo Mercado de Gás consiga promover competição no setor, atraindo investimentos relevantes nos próximos anos. Tal cenário de aumento da disponibilidade de gás natural tem como base maior produção líquida do combustível e correlata redução da parcela de reinjeção em unidades produtivas da Bacia de Santos.
No ambiente onshore, a produção de gás natural virá, basicamente, das bacias do Solimões, Parnaíba e Recôncavo, juntamente com a Bacia de Alagoas no início do decênio e a Bacia Potiguar no final do período, que representarão 93% da produção bruta e 92% da produção líquida até 2031.
Investimentos totais
Os investimentos previstos no Plano Decenal para todo o setor de energia devem atingir R$ 3,25 trilhões, a maior parte destinada ao segmento de petróleo e gás, que devem absorver R$ 2,66 trilhões no período. O mercado de gás deve atrair R$ 117,63 bilhões em investimentos em gasodutos de transporte e escoamento, além de terminais de regaseificação e unidades de processamento.
As estimativas que constam do PDE tiveram por base, também, projeções relativas ao desempenho da economia brasileira neste decênio. A EPE considerou uma recuperação nos próximos anos, com o PIB alcançando crescimento médio anual de 2,9% no período. No texto, disponível nos sites da EPE e do MME, os técnicos do governo destacam que “no médio prazo, espera-se um ambiente de maior estabilidade que permita uma expansão dos investimentos, sobretudo de infraestrutura, e a realização de reformas, ainda que parciais, que promoverão ganhos de produtividade e competitividade, essenciais para o crescimento”.
As contribuições podem ser feitas até o dia 23/02, utilizando o formulário disponibilizado no site do MME.
Fonte: EnergiaHoje
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