O Brasil deixou de arrecadar R$ 118 bilhões em tributos, nos últimos cinco anos, com a reinjeção de gás natural nos campos de extração de petróleo. Ou seja: em vez de o insumo ser consumido, ele volta para os poços de onde os volumes são extraídos. Segundo a CBIE Advisory, consultoria ligada ao CBIE, no ano passado, as perdas financeiras cresceram 120% – foram de R$ 14,7 bilhões em 2017 para R$ 32,4 bilhões. Em volume, eram reinjetados 27,61 milhões de metros cúbicos por dia (m3/d) em 2017. No ano passado, já eram 60,84 milhões de m3/d. Segundo o diretor e sócio do CBIE, Pedro Rodrigues, o valor é maior que toda a arrecadação do governo com o setor energético no ano passado.
Valor supera tributos pagos pelo setor
Se forem somados os valores que o governo recebeu de dividendos da Petrobras, impostos sobre combustíveis, leilões e outras participações governamentais, “o valor é menor do que o que ele deixou de receber reinjetando o gás natural”, de acordo com o diretor do CBIE.
Falta de infraestrutura impede uso
O principal motivo para a reinjeção do gás natural nos poços de extração de petróleo é a falta de investimento em infraestrutura de escoamento. Além de prejudicar a arrecadação, que poderia ser destinada a áreas como saúde e educação, o Brasil perde a oportunidade de garantir a segurança energética.
De acordo com Pedro Rodrigues, apesar de o País ter uma produção capaz de suportar a demanda nacional, atualmente importa 50% do consumo de gás natural “porque não há infraestrutura para que o produto chegue até o consumidor final”.
Por falta de gasodutos entre as unidades produtoras e a costa brasileira, o Brasil reinjeta quase a metade do gás natural produzido. Em maio, no último dado disponível na Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), dos 131,7 milhões de metros cúbicos de gás extraídos por dia das bacias brasileiras, 67,5 milhões de metros cúbicos foram reinjetados.
A situação se agravou este ano, após o impasse criado pela paralisação das obras da Unidade de Processamento de Gás Natural (UPGN) do Gaslub (ex-comperj), em Itaboraí, no Rio de Janeiro, que adiou a entrada em operação da Rota 3, um gasoduto que traria este ano gás natural do pré-sal para ser processado na UPGN. Com a Rota 3, a estimativa é de que a oferta de gás cresça cerca 40%.
Fonte: O Estado de S.Paulo / coluna do Broadcast
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