O uso do hidrogênio verde (H2V) em substituição ou complementação ao gás liquefeito de petróleo ou gás natural é uma das possibilidades no futuro do mercado. Por enquanto, empresas envolvidas na cadeia de valor do H2V promovem estudos para avaliar sua viabilidade, técnica, comercial e até mesmo regulatória.
A Cegás é uma das que estão se movimentando nesse sentido. Empresa de economia mista concessionária de distribuição de gás canalizado no Estado, está inserida na estratégia estadual de desenvolvimento do H2V e já fechou memorandos de entendimento com cinco empresas entre as 24 que firmaram compromissos com o Ceará para o desenvolvimento do H2V.
Embora a maior parte da produção deva ser voltada ao mercado externo, pelo Porto de Pecém – que tem entre seus sócios o Porto de Roterdã, na Holanda, um dos principais polos de importação de amônia verde da Europa -, parte deve ser direcionada ao mercado interno, em indústrias que usam o insumo para produção de fertilizantes.
A Cegás também promoveu edital para selecionar uma organização responsável por estudos na área, a Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico (Funcap). A seu favor, a companhia tem a experiência do pioneirismo na injeção de biometano na rede, ainda em 2014, quando sequer havia suporte regulatório suficiente no tema – o primeiro cliente foi a fabricante de cerâmica Cerbras. A legislação só saiu em 2017 e de lá para cá o biometano produzido a partir de aterro sanitário pela GNR Fortaleza responde por 15% do gás distribuído pela companhia, nível que só é ultrapassado no mundo pela Dinamarca, com 25%.
O H2V deve passar pelo mesmo processo. Além do diálogo com órgãos regulatórios, o estudo vai apontar caminhos técnicos e comerciais, como qual material deve ser empregado na rede de distribuição (aço ou polímero) e o percentual ideal de mistura de gases para cada indústria, sem deixar de lado possibilidades como consumo residencial e veicular. “O passo seguinte deve ser a construção de um piloto, com rede dedicada a um cliente”, explica o diretor presidente da Cegás, Hugo Figueirêdo.
EDP e Qair estão entre parceiros da marca. A Qair, de origem francesa, está comemorando cinco anos de presença no Brasil como produtora independente de energia elétrica de fontes alternativas, principalmente eólica e solar, com 600 MW em operação comercial e mais 439 GW a serem entregues até 2024. Depois de R$ 5 bilhões para atingir 1 GW até lá, está investindo em torno de R$ 45 milhões em projetos piloto nos portos de Pecém (CE) e Suape (PE) para testar modelos. A meta prioritária é exportação, mas além da Cegás já fechou parceria com a Copergás para atender a demanda local.
Os pilotos devem produzir 5 MW cada, mas o plano é investir mais de R$ 20 bilhões para alcançar capacidade de 2.230 MW de eletrolisadores, com planta de produção de amônia acoplada, para transporte naval – seja para uso como amônia mesmo, seja para craqueamento, processo para obter de volta o H2V. A comercialização internacional será centralizada em unidade específica da empresa na França. A empresa tem quatro projetos de H2V em desenvolvimento. O mais avançado, na França, deve entrar em operação no ano que vem, com 50 MW de capacidade e foco no mercado veicular, diz Gustavo Silva, diretor de operações da Qair Brasil.
A Gás Natural Açu (GNA), que tem como acionistas BP, Siemens Energy, Prumo e SPIC Brasil, investe em P&D para desenvolver projetos de geração de hidrogênio a partir de energia fotovoltaica e do calor residual emitido pelos circuitos da geração termelétrica. “O hidrogênio pode ser usado nas usinas da GNA como fonte primária”, diz o diretor de regulação Guilherme Penteado. Até o mercado se estruturar, o gás sustentará as termelétricas GNA I e II, que, juntas, somarão 3 GW de capacidade.
Fonte: Valor Econômico / Suplemento – Hidrogênio verde
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