A Interco, startup do setor de commodities, concluiu no dia 6 de janeiro uma das maiores operações por agente privado de importação de gás liquefeito de petróleo (GLP), o “gás de cozinha”, para o Nordeste. Por meio de um acordo com a argentina Transportadora Gas del Sur, o Porto de Suape, em Pernambuco, recebeu 12,5 mil toneladas de GLP. O produto foi adquirido por distribuidoras para atender ao consumo no Nordeste. A Interco tem contratos com a Nacional Gás Butano, Copa Energia, Supergasbras, Ultragaz e Consigaz. Novas operações do tipo estão em estudo. A companhia também deve realizar importações de GLP argentino por meio de rodovias para ajudar a suprir a região Sul enquanto a Refinaria Alberto Pasqualini (Refap), localizada em Canoas (RS), vai passar por uma parada de manutenção, iniciada pela Petrobras na segunda quinzena de janeiro.
Segundo os dados mais recentes da ANP, as vendas de GLP no Brasil de janeiro a novembro de 2022 ficaram em 6,74 milhões de toneladas. Desse volume, 25,7% foram supridos por importações. Hoje, as refinarias nacionais não conseguem atender a toda a demanda pelo produto, por isso, o abastecimento do mercado também depende de compras no exterior. “O objetivo é oferecer para as distribuidoras uma garantia de suprimento, que é um dos maiores problemas que essas empresas têm hoje. As distribuidoras têm interesse em fazer esse processo de forma consistente, essas companhias ficam mais confortáveis em saber que têm a opção de melhorar o fluxo de suprimento primário”, diz o diretor de commodities e trading da Interco, Marcos Paulo Ferraz. Entretanto, as operações dependem de a Petrobras continuar a perseguir preços internacionais para os produtos nas refinarias que opera, de modo a viabilizar as atividades das importadoras independentes. A paridade dos preços da Petrobras com o mercado internacional é criticada pelo governo federal, mas não há clareza ainda se a estatal vai adotar um novo sistema de preços a partir deste ano. “Acho que vai haver uma transição nesse mercado. Mas é preciso lembrar que qualquer artificialização de preços pode criar problemas não só no GLP, mas também em outros produtos que dependem de importações, como diesel e gasolina. Preços artificias podem reduzir as importações e, consequentemente, pode faltar produto, desabastecer o mercado”, diz. Até então, as maiores importações de GLP para o Nordeste haviam sido feitas pela Petrobras, mas a companhia tem reduzido a atuação no setor nos últimos anos.
A operação em Suape pela Interco foi viabilizada depois da decisão do CNPE de que a Petrobras precisa manter um navio-cisterna para armazenamento de GLP no Porto de Suape, mesmo que a companhia deixe o negócio. Com isso, diz Ferraz, a estatal abriu espaço para que empresas privadas pudessem usar a capacidade do navio. “A infraestrutura portuária do Nordeste é deficitária, por isso depende do navio-cisterna”, diz. Segundo o diretor executivo da Interco, Nicholas Taylor, a atração de novos projetos de infraestrutura para o escoamento de combustíveis no país pode ajudar a fomentar a competição no mercado e a reduzir preços para os consumidores finais. A empresa tem plano de diversificar as operações para além do GLP, como os setores de químicos, petroquímicos e biocombustíveis. Ainda há oportunidades, no entanto, no setor de gás, principalmente a partir deste ano, quando há previsões de que a Argentina vai concluir a construção de gasodutos para ampliar o escoamento da produção de gás não-convencional na região de Vaca Muerta. “Isso vai permitir com que a Argentina possa exportar gás o ano inteiro, sem as restrições que tinha no inverno. Como o Brasil tem limitações de infraestrutura, precisamos buscar o produto em uma origem que tenha frete competitivo. A Argentina, por ser próxima ao Brasil, faz sentido”, diz Taylor.
Fonte: Valor Econômico
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