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NTS, que transporta metade do gás natural do Brasil, entra em nova fase

Além de um desastre humanitário, a guerra da Ucrânia é também uma lição de política energética. “Se a Europa não tivesse implementado, há duas décadas, uma reforma que deu acesso isonômico à malha de gás, ela estaria destruída. Seria muito mais impactada pela guerra, e países fechariam seus mercados, deixando parte do território sem gás”, argumenta Erick Portela, CEO da Nova Transportadora do Sudeste (NTS), cujos gasodutos carregam metade do gás do Brasil.

Portela se refere às regras que impedem que produtoras e distribuidoras de gás sejam transportadoras, fazendo dos gasodutos uma espécie de via pública a que todos têm acesso. A defesa do executivo tem razão de ser — afinal, a NTS é fruto por aqui de uma política análoga à europeia, a nova lei do gás, de 2021.

A NTS pertencia à Petrobras e foi vendida a um consórcio controlado por Brookfield e Itaúsa em 2017. Depois de os novos donos entrarem na operação, a empresa se prepara para o que Portela chama de “nova fase”: crescer por meio de um plano de investimento de R$ 12 bilhões pelos próximos oito anos.

A guinada coincide com a chegada de um novo governo que deu poucas pistas sobre o que pensa da nova lei do gás, mas cujos mandatos passados não indicam alinhamento natural. “A lei do gás não é a lei do Bolsonaro, é a lei de um país que amadureceu ao longo de anos de discussões, como aconteceu com a Europa. É algo que independe do matiz ideológico. Não é um sonho de uma noite de verão bolado por dois caras”, rebate Portela, acrescentando que vê pouco risco de mudança no novo arranjo de mercado”. Lula foi mais claro em seu desejo de integração com a malha de gás da Argentina. “A integração energética da América do Sul é importantíssima.

A Europa é o que é porque é integrada. É saudável se integrar com a Argentina, mas tem que ser feito de uma maneira que não torne a gente dependente”, diz Portela, que foi estagiário do projeto do gasoduto Brasil-Bolívia e depois presidiu a Petrobras no país vizinho.

Na nova fase que começa, a NTS acaba de fechar seus primeiros contratos com carregadores que não sejam a Petrobras (Shell e Galp), concluiu o Gasoduto Itaboraí-Guapimirim (Gasig) — que conecta o Polo Gaslub, em Itaboraí, a sua rede — e se prepara para lidar com uma nova conjuntura: o gás vindo da Bolívia e do Campo de Mexilhão, na Bacia de Santos, está diminuindo.

“O papel da NTS é projetar a evolução da oferta e da demanda lá na frente e investir numa rede ótima, o mais eficiente possível. E o país tem uma série de novas rotas para explorar, a situação mudou drasticamente em duas décadas. A Europa vive dificuldades porque não produz. Não é o nosso caso”. A conjuntura também fez com que a NTS decidisse explorar um novo mercado: estocagem de GNL, o gás refrigerado em estado líquido. O plano de R$ 12 bilhões contempla a construção de um projeto no Norte Fluminense, para atender sobretudo à geração de energia elétrica.

 

Fonte: O Globo / blog Capital

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