A desoneração ajudou a impulsionar o consumo de diesel e do ciclo Otto para níveis recordes em 2022. E a EPE estima que o mercado brasileiro de combustíveis deve atingir novos marcos históricos em 2023 e 2024.
De acordo com a estatal, as vendas de diesel cresceram 2% no ano passado, para o patamar recorde de 64,7 bilhões de litros – impulsionadas, sobretudo, pelo setor agrícola. Já a demanda do ciclo Otto subiu 6%, atingindo a marca histórica de 2019, de 54,7 bilhões de litros de gasolina equivalente.
A gasolina subiu 9,5%, deslocando parte do consumo de etanol hidratado – que perdeu competitividade para o combustível fóssil e recuou 5,2%.
A EPE destaca que o aumento do consumo no ciclo Otto refletiu a queda de preços dos combustíveis no 2º semestre de 2022, causada pela desoneração.
No período, além da isenção dos impostos federais, foi imposto o teto do ICMS e a redução temporária da base de cálculo estadual, por decisão monocrática do ministro do STF André Mendonça.
Além dos repasses da queda dos preços internacionais de forma mais acelerada pela Petrobras, às vésperas das eleições.
A EPE estima que o consumo de diesel subirá 3,1% este ano, e mais 1,5% em 2024, puxado pelo crescimento da safra, recuperação do setor de transporte coletivo para os níveis pré-pandemia e vendas, também recordes, de veículos leves a diesel. Já o ciclo Otto deve crescer 2,4% em 2023 e mais 2% em 2024. Mas mudanças na questão tributária podem alterar o cenário. A desoneração dos impostos federais foi prorrogada, no governo Lula, até o fim do ano para o diesel, e até fim de fevereiro, para gasolina e etanol. Uma eventual prorrogação não é consenso no governo – que, em paralelo, promete uma reforma tributária para 2023.
Já os governos estaduais defendem a revisão da essencialidade da gasolina. E o novo presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, apoia a criação de um fundo de estabilização dos preços dos combustíveis.
A EPE também estima uma recuperação do consumo de querosene de aviação (QAV) para os níveis pré-pandemia. Depois de crescer 36% em 2022, as vendas do derivado devem subir 14% em 2023, e mais 3,6% em 2024. A expectativa da estatal é que a demanda supere os níveis mensais pré-pandemia entre o fim deste ano e início do próximo.
Fonte: Epbr