Em artigo publicado no portal Poder 360, o ex-deputado Carlos Vaccarezza afirma que
O Brasil é o 2º país em reservas de gás natural da América do Sul. Dados de 2018 registravam que a Venezuela, que faz fronteira com o Brasil em 2.199 km, tinha uma reserva provada de 6,3 trilhões de m³-tcm, e o Brasil, de 380 bilhões de m³-bcm.
Há que se registrar que, no nosso caso, não fizemos uma investigação adequada das reservas de gás natural, principalmente no Atlântico e na região Norte do país. Há muito gás a se descobrir. Por outro lado, metade do gás prospectado no Brasil é reinjetado ou queimado, por falta de infraestrutura.
Do gás extraído, a depender do poço, a maior parte é metano, usado na produção de energia e nos encanamentos residenciais e industriais. Ele vem acompanhado de outros hidrocarbonetos, inclusive gasolina, butano e propano, que são envasados em botijões.
Uma parte deste gás deve ser necessariamente queimada ou reinjetada por se tratar de gases de efeito estufa, mas no caso brasileiro, a absurda quantidade reinjetada é motivada pela falta de infraestrutura para transporte e armazenagem.
Só a título de comparação, o Brasil tem uma malha dutoviária de aproximadamente 9.500 km, incluindo o gasoduto que vem da Bolívia. Enquanto a Argentina tem 16.000 km de gasodutos. A rede de oleodutos dos Estados Unidos é formada por mais de 335 mil km e mais de 480 mil km de gasodutos.
Imaginem que o Brasil passou a utilizar o gás natural em larga escala no começo da década de 40 do século 20, com a descoberta dos campos de óleo e gás do Recôncavo Baiano. De lá para cá, as reservas brasileiras não pararam de crescer. Com a inclusão do gás do pré-sal e da bacia amazônica, o Brasil virou uma potência em termos de reservas comprovadas de gás natural.
De todos os combustíveis fósseis, não renováveis, o gás natural é, incomparavelmente, o mais limpo. E por que não afirmar que a sua queima, para gerar energia, tem menor impacto ambiental do que a maioria dos métodos conhecidos? Mesmo a energia hidrelétrica depende de chuvas e da formação de grandes lagos, com impactos incalculáveis ao meio ambiente. Sem falar que a exploração do gás natural traz para a produção industrial elementos importantes para a produção de fertilizantes, produtos químicos etc.
Eu me pergunto e pergunto a vocês: qual a razão de o nosso país, depois de passar por governos de tão diversos espectros ideológicos, não ter desenvolvido uma poderosa indústria de gás natural, com gasodutos e infraestrutura cortando este imenso país?
Quanta riqueza desperdiçada!
Imaginem que o Brasil importa, pagando caro, gás liquefeito trazido por navios, e gás natural trazido pelo Gasbol, o gasoduto da Bolívia.
Chegou a hora da ANP, ao lado da Audiência Pública sobre a regulação dos produtores, as forças políticas do Brasil, o governo federal e todos que defendem o nosso país, trazerem para a agenda nacional um plano de parceria público-privada para a construção de infraestrutura e identificação de novas reservas, prospecção e utilização comercial do gás natural do Brasil.
Fonte: Poder 360 – Carlos Vaccarezza