Segundo o presidente da Vibra Energia, Ernesto Pousada a importação de diesel russo, com desconto, se tornou uma tendência estrutural no mercado brasileiro e que, até então fora dos planos da companhia, passará a ser uma alternativa de compra da distribuidora. A Rússia se tornou, desde abril, a maior fonte de diesel do Brasil no mercado mundial, superando a liderança histórica dos Estados Unidos. Com o aumento da importação do produto russo pelos concorrentes, a preços competitivos, a Vibra Energia perdeu participação no mercado de diesel, no período – sobretudo no segmento Transportador-Revendedor-Retalhista (TRR). Pousada conta que a Vibra optou por ficar de fora das compras de diesel russo, num primeiro momento, enquanto avaliava questões de compliance. Segundo ele, “não há arrependimento” na decisão.
Pousada citou que o desconto do diesel russo para o produto importado do Golfo do México tem variado, na média, entre R$ 100 e R$ 300 por m3. Neste momento, contudo, o executivo vê uma janela de oportunidade mais estreita para importação da Rússia, porque os preços internacionais do diesel estão acima do teto definido pelas sanções da Europa e EUA – nesse contexto, os produtos russos acabam migrando para mercados onde as sanções são menos relevantes. O diretor financeiro da Raízen, Carlos Alberto Moura, cita que a disponibilidade do produto russo depende muito da demanda de outras regiões, como o Oriente Médio e a China – prioridades dos produtores da Rússia. Ele pontua que a desvalorização do real, frente ao dólar, também tende a reduzir a competitividade da compra dos produtos importados. Moura cita, ainda, um outro aspecto da dinâmica do mercado que limita a penetração do diesel russo, na competição com o produto da Petrobras: distribuidoras que não respeitam as cotas mínimas de aquisição dos produtos da petroleira brasileira podem perder a garantia de suprimento. “Ao lidar com a Petrobras, é necessário respeitar uma cota de suprimento. Caso se renuncie a essa cota, é preciso aguardar disponibilidade futura, o que não é positivo em termos de previsibilidade de distribuição”, explicou.
Segundo ele, ainda existem navios com o combustível russo aguardando desembarque no Brasil. O CEO da Raízen, Ricardo Mussa, disse que ainda vê o Brasil como um local de vazão para o diesel russo, mas pontuou que são operações mais complexas em comparação com outras regiões, como o Golfo do México americano, tradicionalmente a principal fonte de importações brasileiras. “Acho que algumas empresas vão tomar mais cuidado com o diesel russo. No futuro, talvez peçam margens mais altas”, afirmou. A importação do diesel russo no Brasil tem crescido sobretudo devido à atuação de distribuidoras regionais – o que reduziu a competitividade das líderes de mercados nos últimos meses. A Raízen não confirma oficialmente se importou combustível da Rússia. “Ainda estamos muito próximos da Petrobras, mas nós sempre procuramos a molécula mais competitiva”, disse o CEO. “Temos uma logística muita boa, nossa infraestrutura é importante, principalmente no Norte e Nordeste, e nós precisamos ser competitivos na importação naquela região”, acrescentou.
Pousada citou que o aumento das importações da Rússia, pela concorrência, foi o principal fator para a perda de mercado da empresa no segundo trimestre. Ele destacou que a companhia quer recuperar o market share, mas que isso será feito gradualmente. “Não vamos fazer movimentos bruscos que afetem as margens. Vamos voltar ao tamanho que tínhamos, é nosso objetivo”, disse. No segundo trimestre, o market share da rede de postos da Vibra caiu 1,4 ponto percentual, na comparação anual, para 22,7% – incluindo todos os combustíveis. Na venda de diesel para o TRR, especificamente, a queda foi de 9,3 p.p., para 22%.
Fonte: Epbr
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